quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A despedida do meu ídolo


Quando a gente é criança tudo parece mais encantador. Vamos crescendo e, aos poucos, a verdade vai corroendo nossas ilusões e apagando nossos sonhos. Noel Gallagher, inclusive, fez uma música sobre isso. Fade Away o nome. No refrão, ele diz o seguinte:

- While we’re living the dreams we have as children fade away.

Perfeito. Mas não, desta vez não vou falar sobre música. Quero falar sobre uma válvula de escape que a vida me proporcionou neste final de semana. Um momento de pura nostalgia e de resgate de uma parte muito importante de mim que eu havia esquecido.

Refiro-me aquela vontade, aquela gana. Aquele incontrolável desejo. Querer algo tanto, mas tanto que passamos a realmente acreditar que vai se tornar realidade. Ficamos à mercê, apenas esperando o dia em que vai acontecer.

Mas não vai. E nem deveria.

Todo mandinho deseja ser jogador de futebol. Todo. Eu não fui diferente. Fazia parte do time do colégio, jogava botão (panelinha e puxador), pebolim, videogame, tinha incontáveis camisetas, 3 dentro x 3 fora, 3 x 1, gol a gol, “diblinha”, etc.

Pelo menos na minha geração, ser menino significava respirar futebol.

Sempre fui Gremista, por influência do meu pai. Ele bem que tentou me puxar pro lado do Pelotas também, mas acabou não vingando. Gostei mesmo do Grêmio. E como qualquer torcedor da minha geração, foi a melhor escolha que um garoto poderia fazer em termos de títulos.

Acompanhei Brasileiro, Copas do Brasil, Gauchões incontáveis.

Acompanhei o título da Libertadores e o vice do Mundial.

Óbvio que era novo. Sete anos, apenas. Não tenho memórias completas dos jogos. Apenas flashes, lances, gols. Mas estava lá, acompanhando. E torcendo como nunca torci. Porque é bem aquela história: quando somos jovens, nos apaixonamos mais fácil.

Vi Arce cruzando na área, Rivarola falhando e Adilson espancando. Roger cumprindo a sua, Goiano interceptando tudo que é passe e Arilson bebendo. Carlos Miguel correndo, Paulo Nunes esvoaçando seu cabelo loiro e Jardel cabeceando. Dinho cortando (os adversários).

Danrlei defendendo, falhando, torcendo e brigando.

Comemorando e chorando.

O Danrlei.

Hoje tenho outros ídolos. Escritores, músicos, cineastas, etc. Mas o Danrlei foi, com toda a certeza, o meu ídolo de infância.

Eu queria ser goleiro. Eu queria a camiseta de tijolo do Danrlei. Eu jogava a bolinha na parede só pra poder me jogar na cama e defender. Eu andava de meia de futebol, calção preto e camiseta de manga-longa.

Tudo pra ser igual ao Danrlei.

É ridículo. Uns vão dizer que é bichice, outros que é mongolice. Hipócritas. Aceitem ou não, toda criança tem seus ídolos.

A situação a qual me referi no início do texto foi justamente a despedida do Danrlei, que aconteceu no último final de semana, no estádio Olímpico.

Ver ele cantando com a torcida e chorando de emoção. Ver ele levar frango e ver ele voando pra pegar uma bola. Ver ele ser ovacionado ao ser substituído. Ver ele ter seu nome gritado.

Tudo isso me fez lembrar o quanto eu o idolatrava. O quanto eu o tinha como topo das minhas pretensões. Fez-me indagar, também, o momento em que perdi isso. Qual foi a hora em que esqueci que ele era meu ídolo?

Em que fração de segundo me esqueci o significado da palavra ídolo e passei a admirar jogadores que não são tudo isso. Pessoas que sei que não representam tanto.

Quando?

Tenho que agradecer. A despedida do meu ídolo serviu para eu resgatar esse sentimento. Serviu para que eu olhasse para o gramado, para o número em suas costas e pensasse:

- Cara, eu realmente costumava idolatrar esse cara.

E sigo...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um torcedor em campo

Jogador, líder e torcedor. Poucas vezes vemos essas qualidades reunidas no mesmo atleta. Óbvio que não poderia deixar de falar sobre a saída do Tcheco. Nunca escondi que sou fã declarado do capitão.

Perdemos um guerreiro, perdemos o nosso camisa 10.

Sei que Tcheco sempre foi um jogador polêmico. Muita gente dizia que estava velho, que amarelava, que era medíocre. Na minha opinião, são críticas injustas. Ofensas que apenas o principal jogador de uma equipe recebe. Afinal de contas, não é o lateral-esquerdo ou o segundo atacante a quem vão culpar.

Foi culpa do Tcheco quando Rafa Marques marcou contra a própria meta?

Foi culpa do Tcheco jogar contra o Riquelme?

Foi culpa do Tcheco a direção ter esperado dois meses por um treinador sem vontade?

Foi culpa do Tcheco o elenco do Grêmio ser mediano há quatro anos?

Para alguns, foi.

Na minha opinião, foi culpa do Tcheco nos dar esperança.

Alguém acreditava que o time de 2007 chegaria a final da Libertadores, com o grupo que tinha? Imagine sem o Tcheco.

Alguém imaginava que seriamos vice-campeões ano passado, com o grupo que tínhamos? Imagine sem o Tcheco.

Alguém esperava subir da segundona e já garantir Libertadores? Culpe o Tcheco.

E acredito que seja daí que surge essa dualidade entre herói e vilão que nosso eterno capitão sempre enfrentou. Ele nunca desistiu, sempre se esforçou. Não jogava a toalha, e isso contagia a torcida. No final, acabamos frustrados, porque não era para ser mesmo. E acabamos jogando nossa raiva em cima daquele que nos fez acreditar. O Tcheco.

A diretoria é incompetente, não contrata, não planeja, não organiza. Jogadores como Tcheco, Lucas, Victor, Souza, Carlos Eduardo e William tentaram. Por muito pouco não superaram as dificuldades dos campeonatos e o despreparo da cúpula de diretores gremista. Mas não conseguiram. Não há quem consiga.

E isso é injusto com todos eles. Mais ainda com Tcheco, que presenciou e vivenciou todas essas fases.

A cada gol que marcava, para cada cabeceio que alçava, um mesmo semblante. Feio, desajeitado e choroso.

A mesma cara de 45mil gremistas nas arquibancadas.

O registro de um legítimo torcedor, de alguém que realmente se importava com aquilo ali. Alguém que jogava pelo amor que tinha por três cores: azul, preto e branco.

A diferença é que ele estava em campo.

Sua frustração ficou clara na entrevista de ontem: queria títulos expressivos. Espero que, agora que se foi, as pessoas aprendam a apontar as causas pelas quais estes não vieram. Chega de culpar quem só fez ajudar. Morremos na praia porque a diretoria não nos deu condições de chegar mais além.

Obrigado por tudo, Tcheco. Vai tranqüilo, o que é teu está guardado. E o que fizestes por aqui foi inesquecível, podes ter certeza.



Tcheco, imortal tricolor.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Quando a gente se sabota...

Sabe quando parece que a gente se encontra em transe? Não sei explicar direito. É mais ou menos quando tu olhas pra trás e pensas: em que estado de mente eu estava quando fiz/decidi isso?

Não é que tu tenhas feito algo de errado. Não é isso. Não falo no sentido de se arrepender de seus atos. Acho isso, inclusive, desperdício de tempo.

É mais quando a gente parece não estar percebendo que o tempo segue andando. Parece que a gente não se dá conta do que vem acontecendo. Vai deixando, não se importa.

É meio que se perder. Esquecer quem tu és e deixar de lado as coisas que tu realmente gostas.

Pois então, começo a perceber que, desde que voltei de Londres, tenho estado assim. Deixei o tempo ir passando, não fiz muitas coisas que sempre gostei de fazer. Vi muito menos pessoas que gostaria de ter visto mais. Não fui a todos os lugares pelos quais, enquanto estava lá, fazia juras de amor.

Que porra é essa? Já chega, acordei deste estado! Não sei se é a iminência da volta do pessoal que cria uma espécie de “reação inconsciente”, mas finalmente saí dessa. Talvez o simples fato de voltar a fazer coisas que sempre fiz (e gostei) tenha aberto meus olhos.

Sinuca até as duas; cruz de malta de tardezinha; voltas no Papuera; dois, três filmes por semana; idas ao laranjal, etc.

Aonde estava tudo isso?

Acabei sendo refém de um seqüestro no qual eu era o próprio seqüestrador.

Ser libertado só dependia de mim. Não exigia custos ou resgate.

Pode ter demorado, mas finalmente aconteceu.

E agora não tenho mais desculpas para não ser quem eu gosto de ser.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Complexidade pede simplicidade

Canções de amor são inúmeras. Na verdade, esse é o tema principal de boa parte dos grandes artistas, independente de estilo. No Rock não é diferente.

Há quem diga que chega a ser repetitivo, mas eu discordo. Não acredito que exista outra emoção tão complexa quanto o amor. Acho que é justamente por isso que os letristas e compositores tanto abusam do tema. Alguns com maior competência, é claro. É o caso do Kelly Jones, líder do Stereophonics.

Ele já fez música sobre fim de namoro e paixões de adolescência. Já pagou de “pegador” e compôs um disco inteiro com nome de ex-namoradas. Mas foi nesse último disco (que ainda está por ser lançado) que ele atingiu o ápice no tema.

“Could you be the one” é o nome da música que guia meus pensamentos, nos últimos dias.

A melodia é simples. Um dedilhado calmo, mas elegante. O vocal começa sem avisar aonde vai parar. Parece apenas mais uma música legalzinha para um disco que promete manter um nível de regularidade.

Surpresa!

A sinceridade e a emoção. É um poema que transborda paixão e honestidade. Não sei a história da música, para quem ela é dedicada, se é que é. Mas ouvi-la me fez resgatar aquele sentimento especial. Aquele que guia nossos atos e ao mesmo tempo complica e descomplica nossa vida.

Aquele bambear de pernas.
O encabulado desviar do olhar.
Aquela pressão no peito.
Aquela mescla de nervosismo com empolgação.
Aquele estágio de vulnerabilidade absoluta. O exato momento em que abandonamos todas as nossas defesas e ficamos à mercê.

Do que pode acontecer.
Do que pode não acontecer.
Do que queremos que aconteça.
Do que tem que acontecer.

Não sei se todas as pessoas conseguem entender o que estou tentando dizer. Refiro-me a sinceridade da letra. “Every little thing that you do is cool” chega a parecer High School Musical.

Mas não, não é!

É honestidade pura! É gostar tanto de alguém a ponto de só conseguir dizer isso. É entregar-se por completo. É falar algo que habita no teu peito, mesmo correndo o risco de parecer idiota, como realmente soa.

Mas é um idiota admirável, um idiota carinhoso!

Um idiota que, se dito a pessoa certa, será prontamente correspondido com outra frase do mesmo nível. Algo da mesma forma idiota, como “Every little thing you do is fashionably hip, even when you’re mixing greens and blues.”

Externar os sentimentos é algo complexo. E é por isso que acredito que, ao tentar fazê-lo, a melhor alternativa é justamente o contrário do que a maioria das pessoas fazem: simplificar.

Não há porque complicar ainda mais algo já tão difícil. Palavras complexas, normas literárias e harmonia estrutural não são os elementos que nos surpreendem.

Mas sim a simplicidade. A honestidade. A sinceridade

Aí vai o vídeo seguido da letra, para quem quiser acompanhar.



Could you be the one - Stereophonics

Every litthe thing you do is magic lately
Every little thing that you do is cool.
Every little thing you do is tragically hip.
Even when you tent to play the fool.

When you open up your tired eyes.
And take a look at what’s inside.
The mirror on your wall tells you the truth.

You’re exactly where you wanna be.
There ain’t no fear or misery.
The sun is shining down and the clouds have cleared.

Could you be the one for me?
Could you be the one for me?
Could you be the one for me?
Could you be the one for me?
Could you be the one?

Every single thing you do is magic, baby.
Every little thing that you do is cool.
Every little thing you do is fashionably hip.
Even when you’re mixing greens with blues.

When you open up your paint stained eyes
From the night before when you were high.
The smile upon your face tells you the truth

You’re exaclty where you wanna be
There ain’t no fear or misery
The sun is shining down and the clouds have cleared.

Could you be the one for me?
Could you be the one for me?
Could you be the one for me?
Could yoube the one for me?
Could you be the one?


Legal, né? Então... Could you be the one?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Uma homenagem inexplicável

Sempre fui um cara que gosta de prestar homenagens. Slides de fotos, textos, músicas e depoimentos. Acho importante valorizar os laços que temos. Muitas vezes o que deixo escapar no dia-a-dia, tento recuperar com ações do tipo.

É bonito, faz com que nos sintamos mais próximos, ligados. É algo que realmente gosto de fazer. Procuro a veia de poeta e a coisa vai. Geralmente fico satisfeito com o que sai, e acredito que os “homenageados” também.

Agora, se tem alguém que me deixou no chinelo, foi Joel Pott, do Athlete. Quando o novo disco da banda foi lançado, há um mês atrás, deparei-me com um nome estranho: Black Swan. Ouvi o disco e viciei totalmente.

Músicas tristes, alegres, deprimentes e empolgantes. “Superhuman touch”, “The Getaway”, “Rubiks Cube”, etc. São várias cações sensacionais. O disco é realmente excelente. Mas uma se destaca, e é justamente a faixa-título: Black Swan Song. A música em si já dispensa comentários. Melodia simples e contagiante e letra assustadoramente bonita.

Gostei tanto da música que resolvi pesquisar com afinco a sua explicação. Pois bem, não deveria ter feito. O motivo? Viciei de tal forma que agora não sei se consigo parar. É, sem dúvida, a homenagem mais bonita que já vi.

Logo abaixo do vídeo (que vem abaixo), está a tradução da letra. Quem se interessar, pode ouvir lendo. Verá do que estou falando.



Canção do cisne negro (Black Swan Song)

Eu caminhei pelos campos mais sombrios que você poderia imaginar.
Seu belo rosto confrontou o cano da minha arma.
E eu sei que você será o primeiro a me receber,
Quando eu subir à eternidade.
Oh oh

A floresta sempre nos manteve aquecidos.
Mas ela não parece mais com o nosso lar.
E eu sei que há montanhas mais altas aonde você está.
E um clima melhor para o meu coração.
Oh oh

Eu venho acelerando o relógio.
E fiquei sem estima.
Estou pronto para minha última sinfonia.
Oh, meu corpo está fraco,
Mas minha alma segue forte.
Estou pronto para descansar sem seus braços

E a chuva bate nos telhados,
Mas não há som.
Não há som.
E os meus amigos e familiares me levaram para casa.
Levaram-me para casa.

Como podem perceber essa não é a versão de estúdio, muito menos o clipe original (que vale a pena ver também. Conta com imagens o que vou contar agora). Aí vai a história então:

A música é dedicada ao avô do Joel, que lutou na Segunda Guerra Mundial, contra os nazistas. O velinho era tenente de um dos batalhões de resistência ao exército alemão em Arnhem, na Holanda. Em um destes embates, Pott foi ferido, e agonizou durante 20h, deitado na floresta, até que enfim cedeu à morte.

Triste, não? A letra, a melodia, a homenagem. Sabendo a história, combina muito com o que aconteceu. Mas calma. Ainda tem mais.

Você não se pergunta o porque desse vídeo? Um cara que tem uma banda que já lançou quatro discos de sucesso, reconhecido na Europa inteira, tocando em um violãozinho de corda de nylon, no meio de uma floresta. Sem apoio da banda, sem caixas, distorção, microfones, nada. Parece estranho.

Mas tem um motivo. E que motivo.

O lugar em que Joel está sentado é o exato local em que seu avô agonizou por quase um dia inteiro, e enfim faleceu.

Acho que a explicação dispensa comentários posteriores. Fica o sentimento do quão bom é ver uma homenagem dessas, e torcer para que um dia alguém faça algo parecido por nós.

Sequer consigo imaginar o quão importante o velho deve ter sido pro Joel.

E que não digam que não há amor nesse mundo!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A força do desconhecido

Todo mês de outubro sinto a mesma coisa. E não me refiro apenas ao sol no rosto e a suave brisa nos cabelos.

Sinto algo a mais. Algo que enche o coração e alegra o espírito. Parece até uma golfada de ar que enche os pulmões. Um ânimo repentino que enriquece a alma e alivia o pensamento.

Talvez o calor que esquenta ou as flores que brotam. As roupas mais leves ou os pássaros que cantam.

Em nenhum outro momento do ano, caminhar na rua é uma atividade tão especial.

É toda uma combinação de astral, clima, roupas e som. Tudo isso conspira para uma retomada de sentimento, uma reviravolta de situação.

O tempo traz lembranças e a melodia ressalta vivências.

Sei que não há época melhor no ano. Há trabalho, há aula, há compromissos. As férias não chegaram. Mas isso não importa. É algo que vai além. Quer dizer, além não. É algo muito mais interno, muito mais pessoal.

Habita dentro da gente.

É um momento do ano em que, em meio a todas as dificuldades e rotina, algo nos dá esperança. Algo nos reforça de uma forma simplesmente indescritível.

Uma força sobrenatural aparece e nos diz: relaxa, já está melhorando.

E a gente acredita.

Acredita porque não sabe o que é.

Acredita porque nada é mais forte que o desconhecido.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Stereophonics - Dakota

Sabe aquela música favorita? Não é que ela seja a única, mas é aquela que entra em todos os teus "tops". É a que te faz ouvir o não tão bom disco apenas por causa dela. É a que faz com que um puta show passe devagar só por que ela é a última. E se é a última, é claro que não é pouca coisa.

Pois é, Dakota é assim pra mim. Mas sabia que eu nunca tinha prestado atenção na letra? Talvez seja porque a melodia é tão, mas tão sensacional. Ou talvez seja simplesmente pelo fato de que não é um "listening" tão simples. Dá pra entender tudo, mas tem que prestar atenção. Caso contrário as palavras se afogam em meio as guitarras.

Mas enfim, é um pecado. A letra é muito bonita. Se bem que o Kelly é um baita letrista, então era de se esperar. Ele sempre cria (ou recria) histórias interessantes. Coisas que aconteceram no passado, situações reais ou fictícias.

Taí então a letra de Dakota, e um vídeo acústico, sensacional. Aliás, nessa versão dá pra entender bem a letra. Na oficial a empolgação esconde tudo.




Dakota - Stereophonics


words by Kelly Jones

Thinking back, thinking of you.
Summertime, think it was june.
Yeah, I think it was june.

Laying back, head on the Grass.
Chewing gum, having some laughs.
Yeah, having some laughs.

You made me feel like the one,
Made me feel like the one.
The one.
You made me feel like the one,
Made me feel like the one.
The one.

Drinking back, drinking for two.
Drinking with you.
When drinking was new.

Sleeping in the back of my car.
We never went far.
Didn’t need to go far.

You made me feel like the one,
Made me feel like the one.
The one.
You made me feel like the one.
Made me feel like the one.
The one.

I don’t know where we are going now.
I don’t know where we are going now.

Wake up call, coffe and juice.
Remembering you.
What happened to you?

I wonder if we’re meeting again.
Talk about life since then.
Talk about what did it end.

You made me feel like the one.
Make me feel like the one.
The one.
You made me feel like the one.
Made me feel like the one.
The one.

I don’t know where we are going now.
I don’t know where we are going now.

So take a look at me now.
Take a look at me now.
Take a look at me now.
Take a look at me now.

Take a look at me now.

^^

And life goes on... nicely. ;D

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Kristy, are you doing ok?

Essa música foi feita pelo Dexter (vocalista do Offspring) pra uma guria que ele conheceu quando era novo. Ela foi abusada sexualmente, e justamente por serem jovens, ele nunca teve coragem de falar com ela a respeito disso. E hoje ele se arrepende.

Tentando consertar esse erro, ele resolveu fazer essa música pra ela. Muita gente deve pensar "Ah, claro. Ele não estava lá pra ela, mas agora que fez uma música acha que está tudo bem."

Eu não sei. Prefiro pensar que as pessoas cometem erros, mas se arrependem. E quando o fazem, buscam realizar aquilo que está ao seu alcance para corrigí-los. Um música faz uma música, um artista pinta um quadro, um poeta escreve, e por aí vai.

Se vamos duvidar até mesmo de quando alguém faz algo bonito, como é o caso, aonde vamos parar?

Desconfiança é necessária, mas não dá pra exagerar. Se não dermos espaço para as coisas boas da vida, se formos céticos até esse ponto, bom... aí estamos definitivamente perdidos.

Era isso. Prestem atenção na letra. Parece-me muito sincera, e acredito que seja. É bom ver algo assim de vez em quando. Enche o coração da gente de esperança.

Enfim, ouçam e prestem atenção na letra. Vale muito a pena.

Grato-lhe.



Kristy, are you doing ok? - Offspring

There's a moment in time,
And it's stuck in my mind.
Way back, when we're just kids.
Coz' your eyes told the tale of an act of betrayal.
I knew that somebody did.

Oh, waves of time,
Seem to wash away the scenes of our crimes.
For you this will never ends.

Can you stray strong?
Can you go on?
Kristy are you doing ok?
A rose that won't bloom.
Winters kept you.
Don't waste your whole life trying to get back what was taken away.

Thoug the marks on your dress had been neatly repressed
I knew that something was wrong
And I should've spoke out
I'm so sorry know
I didn't know, coz we're so young

Oh clouds of time
Seem to rain on innocence left behind
It never goes away

Can you stay strong?
Can you go on?
Kristy are you doing ok?
A rose that won't bloom
Winters kept you
Don't waste your whole life trying to get back what was taken away.

Oh clouds of time
Seem to rain on innocence left behind
They never goes away
Never goes away

Can you stay strong?
Can you go on?
Kristy are you doing ok?
A rose that won't bloom
Winters kept you
Don't waste your whole life trying to get back what was taken away.
Don't waste your whole life trying to get back what was taken away.
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Superhuman Touch - Athlete

I'm on fire
And nothing is gonna hold me back
In this blue sky
And a pack full of tricks do try

Oh, you pick a colour and I sing it for you
I know you feel the same way
Say you feel the same way

Your fingertips are like a
Superhuman touch

Can't get enough of this eletric love
Burning in the sun with
just with a wave of your hand

Sparks flying out
in every direction
There's more of this to come
I think it must be heaven

Burning in the sun with
just a wave of your hand

I'm on fire
Golden echoes upon my face
Tell those dreamers
They can dream up all they like in this place

Oh, you pick a colour and I sing it for you
I know you feel the same way
Say, say you feel the same way

Your fingertips are like a
Superhuman touch

Can't get enough of this eletric love
Burning in the sun with
just a wave of your hand

Sparks flying out
in ever redirection
There's more of this to come
I think it must be heaven

Burning in the sun with
just a wave of your hand

Just one day like these
will keep me going on
The thender kisses
kisses will keep me going on

Your fingertips are like a
Superhuman touch

Can't get enough of this eletric love
Burning in the sun with
just a wave of your hand

Sparks flying out
in every direction
There's more of this to come
I think it must be heaven

Burning in the sun with
just a wave of your hand

But it seems like hell is broken, lose
It couldn't be more beautiful
I just want to burn the sun with you

I messed up god and to inspire
Greatest mind in all of power
I just want to burn the sun with you
And just a wave of your hand.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Quando tudo dá certo

O que a gente faz quando tudo dá certo? Prepara-se para o pior? Porque fica sempre aquela sensação de que é questão de tempo até tudo acabar, não é verdade? Então será que a gente já vai se conformando com o fim do período de vacas gordas?

Claro que não.

A gente segue a vida, oras.

Parece que é questão de tempo até a maré de azar chegar para arrasar tudo o que vem tão bem. Mas de repente seja uma boa idéia tentar mudar esse pensamento.

Lembrar que nada vem de graça.

Concluir que, se hoje desfrutamos de um ótimo momento, é porque no passado fizemos algo para chegar onde estamos.

É porque, de alguma forma, fizemos por merecer.

Que ao invés de tudo piorar, devemos manter o rumo para otimizar ainda mais esse estado de espírito.

Afinal de contas, a felicidade é um fim interminável, praticamente inalcançável, mas totalmente almejável.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Obrigado Londres!

Em Londres vivi uma fase muito especial da minha vida. Saí de perto de família e amigos e vim para uma aventura nova e única. Coisa pra se fazer só uma vez na vida mesmo.

Sei que muitas vezes pareci melancólico e triste. Imagino também que muitos devam ter pensado que não passava de um mal-agradecido. Sei que houve inveja, que houve discordância. Também houve crítica e indecência, e pra isso nem precisei da Internet.

Por outro lado, e é o que sinceramente guardo, pude contar com força, ajuda e estímulo. Meu pai, minha mãe e meu irmão. Meus amigos e minhas amigas, com quem enfim agora posso uma vez mais conversar.

Aprendi muito, muito... muito mesmo! Alcancei um nível de inglês com o qual me declaro satisfeito. Pratiquei meu espanhol, pois todas as vezes que saí de casa havia alguém pra conversar. Arrisco até um francês! Mas o aprendizado não se resume apenas ao campo intelectual, agora também sou um cozinheiro melhor! Haha!

Óbvio que fora isso, como pessoa, também melhorei muito. Percebi que em muitos momentos as coisas, para mim, giravam apenas ao meu redor. Quantas vezes o Fusk, o Kirst ou o Costa me perguntaram como “estavam as coisas” e eu simplesmente falava, falava e nada perguntava. Falha minha, falha grave. Não me tornei nenhum terapeuta, mas estou melhorando.

A distância me possibilitou deixar a vergonha de lado, também. Dizer para meu pai, minha mãe e meu irmão o quanto os amo. Aonde já se viu um filho ter receio de falar isso, quando não existe amor maior?

Amigos? Sim, claro que fiz amigos. Conheci muito mais gente do que fiz amigos. Mas sim, fiz alguns. O Daniel, o Vítor, o Dewight. Pessoas que mesmo no curto tempo em que nos conhecemos, foram de grande ajuda. Seja pra um papo mais sério ou pra tradicional noite de pub.

Conheci pessoas.

Vi inúmeros shows. Metallica, Eric Clapton, Athlete, The Killers, Keane... Vi Oasis e Stereophonics. Top 1 e 2, respectivamente. Não vi Travis, o top 3. Mas ainda vejo, ainda vejo.

Fui a Manchester, Cardiff, Glasgow, Paris, Roma, Amsterdam... Fui a Liverpool. Conheci a casa do George.

Provei toda e qualquer cerveja que poderia querer. Fosters, Peroni, John Smith, Bud Checa... Tomei Heineken na Holanda e Guinness na Irlanda.

Conheci novas bandas. Glasvegas, Enemy, View, Last Shadow Puppets, MGMT... Redescobri outras como Oasis, Beatles e Phonics.

Comprei roupas, comprei discos, comprei tênis... Comprei presentes.

Volto pra casa diferente, mas igual. Diferente de quem saí daí, mas muito mais parecido com quem era há uns dois anos. Com alguns ajustes, prováveis novas falhas, mas mais justo e fiel comigo mesmo.

Londres acabou, mas uma nova fase começa. E não resta a mínima dúvida de que os ventos estão ao meu favor.

Termino esse longo post roubando o slogan da Ikkea, empresa que atua aqui na Inglaterra e é relacionada ao transporte público:

"Travel is a mean to one place: Home."

Obrigado a vocês, obrigado a Londres.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

I'm Outta Time - Oasis

Here's a sound
It reminds me of when we were young
Looking back at all the things we've done
You gotta keep on keeping on

Out at Sea
It's the only place I honestly
can get ourselves some peace of mind
You know it's getting hard to fly

If I'm to fall
Would you be there to applaud
Or would you hide behind them all
Coz' If I had to go
In my heart you'll grow
And that's where you belong

Coz' I'm Outta time
Coz' I'm Outta time
I'm Outta time
I'm Outta time


Lyrics by Liam Gallagher

Letra do Liam que traduz um pouco do que estou começando a sentir.

É London, I'm Outta Time!

domingo, 19 de julho de 2009

Oasis, and no more!

"Times are hard when things have got no meaning" - É verdade, Noel, tens razão. Ainda bem que estás aí pra não deixar isso acontecer.

Falo sério. Desde os quatorze anos, quando as coisas não acontecem como deveriam, vem o Noel com uma frase e arruma tudo. Fanatismo exagerado da minha parte? Talvez, mas até agora nunca fiquei na mão.

Linhas pros amigos, frases pras namoradas e legítimos lemas de vida. Tem de tudo! Seria muito dizer pro Noel: because maybe you're gonna be the one that saves me? - De repente sim.

Mas o cara é um gênio da música que criou verdadeiros hinos e viveu a vida da forma mais louca e invejável possível. Será que ele dá bola pra nós? Aliás, será que existe alguém que tenha alcançado tamanha glória e despreze os principais responsáveis por isso, os fãs? Acho que nem o Sub-Zero seria tão frio.

Acredito que o Noel goste da gente, sim. Se não gostasse, por que faria tudo o que fez? O que não faltam são bandas com um ou dois discos excelentes. No entanto, a partir do terceiro, quando já têm dinheiro, começam a experimentar novas tendências e acabam por se perder. O Noel não. Ele sabe do que a gente gosta, então não inventa. Faz o que sabe fazer.

Domingo passado foi o show do Oasis, em Wembley. E eu juro pra vocês que não consigo descrever o que foi. Já comecei esse texto quatro vezes e nada. Quando a admiração é muito grande, as palavras não acompanham. É como dizem, é impossível descrever aquilo que gostamos muito.

Foram 23 músicas nas quais delirei totalmente. A cada uma que começava, dizia: Caaaara, não acredito! - E o pior é que eu já sabia a ordem! Foi assim até o final do show.

E vou dizer pra vocês, Live Forever, uma vez mais, me destruiu. Incrível como uma só música pode trazer TANTAS memórias boas pra uma pessoa. A época do colégio, a minha formatura, os trabalhos da faculdade, o Costa, a música em sí, o rock; nossa! Não tem como cara! "You and I are gonna live forever!"

E Wonderwall então, preciso comentar? "And after all, you're my wonderwall" - Todo mundo deveria ter seu "wonderwall". Cada momento legal vivi ouvindo essa música que nem sei por onde começar.

Whatever? Olha essa letra! "I'm free to be whatever, whatever I chose and I'll sing the blues if I want" - Quer algo mais empolgante que isso? É verdade... sou livre sim!

The Importance of Being Idle me surpreendeu. Quer dizer, sempre gostei. Mas não era uma das minha favoritas. Agora é. E por causa de uma simples frase do Noel. Essa aí: I can't get a life if my heart is not in it. - Falou tudo.

Rock 'N' Roll Star, Cigarettes & Alcohol, Lyla, Supersonic - Essas quatro piraram o público. Os riffs e solos substituíram as letras. Nunca vi tanta gente pulando. Até eu, que estava na arquibancada, estava a mil!

Slide Away foi sensacional!

Champagne Supernova foi de chorar, literalmente. Não deu pra aguentar. Quando a Sugar toca no Pub o coração já aperta. Imaginem ali, era o Noel cara... o Noel! "How many special people change..." - Cada vez que o Liam lançava essa frase, nossa. De destruir, mas positivamente. De olhar pro céu e agradecer, agradecer por estar alí, por estar vivo e por ser feliz!

The Masterplan, minha favorita, foi a única que gravei na íntegra. Que música, que letra, tudo! Não sou a pessoa indicada para tentar descrever essa. Fazer o que então? "Sing it loud and sing proud today." - ou quem sabe: "The best of all the things that come our way." - É por aí.

E pra fechar, ela. Don't Look Back In Anger. Só o Noel no violão. Ninguém mais a não ser as centenas de milhares de fãs em Wembley. Aliás, ele nem precisou fazer muito, fizemos por ele. Cantamos como se fosse a última música do show, e pra mim foi. Depois veio I Am the Walrus, dos Beatles. Mas eu estava ali pelo Oasis, e que me desculpem as viúvas do Fab Four, mas a fila anda.

É isso o que tenho a dizer do show, portanto. Ainda bem que não recebo pra ser crítico, porque jamais conseguiria analisar do ponto de vista técnico um show do Oasis. A emoção é tanta que sequer tive tempo de observar a execução. Mas duvído que não tenha sido perfeita. Até a voz do Liam estava boa!

sábado, 11 de julho de 2009

The Killers

Hello, hello!

Em total clima de euforia pelo show do Oasis no domingo, venho postar vídeos de outro dia sensacional: The Kooks e The Killers!

Não vou ficar falando, assistam por si próprios!


The Kooks - Naive




The Killers - Read My Mind




The Killers - Human




The Killers - Mr. Brightside




The Killers - Somebody Told Me




Como podem ver, The Killers deu um banho Kooks. Dá nem pra começar a comparar. Simplesmente perfeito ao vivo.

Ah, e já aviso de antemão que não tenho intenção de gravar vídeos do Oasis. Vou pra simplesmente "pirar a cabeça". Nâo é egoísmo, viu? Hehe.

Saudades!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O meu Grêmio

Meu Grêmio, o que fizestes não foi bonito. Já te vi fazer muito melhor. Te vi virar três, nunca ser freguês. Te vi afundar, mas nunca pensei em te abandonar.

Te vi ser grande, porque sempre és. Mas já te vi não tão bem. Não importa, nunca me deixaste na mão. Quantas vezes fui ao Olímpico? Sequer sei. Mas pouco me importa. Contigo, jamais me decepcionei.

Sei que és eterno, mas nem sempre pudestes ser absoluto. Quer dizer, pra mim sempre és. Mas futebol é competição, só há um vencedor. Muitas vezes não o fostes, mas a mim não importa. És sempre tu, e sempre serás.

Naqueles domingos em que te acompanhava. Cedo acordava e logo me empolgava. “É dia de Grêmio, é dia garantido”. Três horas de ida, três horas de volta. Tudo por meros noventa minutos de luta, de força e de guerra.

Hoje não ganhastes, eu sei. Me deixaste na mão? Bem capaz, sei que pra ti, isso não existe. És sempre eterno, és sempre campeão.

Desejo dias melhores, dias de glória. Mas enquanto eles não vêm, aqui estou. Sempre por ti e sempre pra ti.

Não há nada que ainda não ganhastes, e não precisas ficar dizendo. Enquanto alguns se vangloriam, sabes que isso é o mínimo. E não te contentas, queres sempre mais. Assim como eu e todos teus seguidores.

Talvez hoje não sejas capa nos jornais do mundo. Mas no meu coração, sempre serás manchete.

Porque eu te amo, meu Grêmio. E não tenho nenhuma vergonha em te dizer isso. Tanto me destes, não posso reclamar. Serás sempre o Grêmio, sempre o meu campeão.

E mesmo nos teus piores dias, és muito melhor do que aqueles que riem. Aliás, do que riem? Têm motivos? Se riem, peço provas. E sempre que peço, mudam o assunto. És tu, Grêmio, sabes que és mais, e sempre serás.

sábado, 27 de junho de 2009

Será que tem alguém?

Bom, ontem fui ao Hard Rock Calling, onde assisti ao show do The Kooks e The Killers. Prometo que farei um texto sobre (e será o próximo, ou não, ainda falta Amsterdam). O que adianto é que a primeira banda não chegou nem aos pés da segunda. Empolgou menos do que deveria. Ou Killers que foi tão grandioso que ofuscou totalmente o brilho do Kooks? Acho que não.

Enfim, como já disse, o texto não é sobre o show. É sobre aquelas “lições” que vêm sem mais nem menos, e que nos são muito úteis.

Estava eu caminhando em Oxford Street às duas da tarde de ontem, quando fui abordado por um “flyer guy”. Curiosamente, aceitei o papel e segui meu rumo ao Green Man, pub que costumo ir devido ao baixo preço da cerveja (£ 1,99 o pint de Carlsberg). Digo que é curioso porque geralmente eu nego esses flyers. Mas enfim, por alguma razão este eu peguei e guardei no bolso.

Chego ao pub, peço uma porção de camarão à milanesa e uma Pepsi com limão e gelo (é sério isso, estava com muita vontade de tomar). Encerro meu “prato” e aí sim peço uma cerveja. Em meio a goles e conversas (com o Digão), tiro o papel do bolso.

Tratava-se de um questionário pra ver o quão estressado sou. Até pensei em fazer, mas vi que eram míseras 150 perguntas, aí é brincadeira. Já ia amassar a folha quando do nada me deparo com a seguinte frase, no verso:

“When live becames a battleground, your mind is your best weapon”.

Traduzindo: quando sua vida se transforma em um campo de batalha, sua menteé a sua melhor arma.

Sabe aqueles momento em que o tempo dá uma paradinha de leve e tu não sabes se ris ou ficas sério? Incrível como as coisas podem acontecer na hora certa e no momento certo. Às vezes parece que tem alguém cuidando da gente, alguém que a gente não conhece. Uma pessoa que está ali pra te dar as dicas, pra te dar as soluções. Chega a ser duro de acreditar.

Repito, que hora, que momento. Não precisei de mais nada, meu dia estava ganho.

Restou-me seguir o aquecimento e curtir o show. E como curti. Se meu gosto musical fosse campeonato de pontos corridos, The Killers teria dado uma subida gigantesca na tabela. The Kooks, em compensação, no máximo manteria seu posto intermediário.



Quem disse que a solução para os problemas não está dentro do copo?

"Cerveja, a causa e solução de todos os problemas!" - Homer J. Simpson

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Viver, lembrar e viver a lembrança.

Texto publicado no Diário da Manhã em maio.

Intercâmbio é algo muito legal. Abrem-se as portas de novas culturas, hábitos e costumes. O que antes era comum agora não é mais, o que era rotina vira exceção e o que um dia foi abundante agora é escasso. É um novo mundo repleto de novidades.

Geralmente, as experiências que se apresentam estonteiam o viajante. Fazem com que ele esqueça, momentaneamente, de onde veio. As novas comidas típicas, bebidas, músicas e pessoas; todos são territórios hostis prontos para serem desbravados. As horas passam, os dias se vão e as semanas se perdem em meio a tanta euforia. Arrisco-me a dizer, ainda, que em Londres essa variedade de tentações até então inexploradas é ainda maior. Afinal de contas, é o meio do mundo. É onde tudo acontece e para onde todos querem vir.

No entanto, com o passar dos meses, o viajante volta a si. Percebe que se esbaldou de tal forma que talvez tenha perdido sua identidade. Enxerga-se no espelho de uma maneira diferente. Mais vivido, mais experiente. Mas é ainda o mesmo?

É nesse momento que bate uma necessidade avassaladora de readquirir os hábitos de sua pátria-mãe. Em uma mescla de orgulho e nostalgia, o viajante faz todo o possível para deixar bem claro uma mensagem implícita: estou aqui, mas sou de lá, e pretendo um dia voltar.

De repente, ver um gringo de Havaianas ganha um significado imenso, encontrar um disco do Caetano Veloso nas lojas recebe um destaque incrível e ouvir pessoas falando português no metrô passa a ser extremamente reconfortante. Qualquer roupa, comida ou bebida proveniente da terrinha passa a trazer consigo um poder enorme: o de fazer com que o viajante se sinta mais perto de casa.

Na ausência dos familiares e amigos, o viajante se apega àquilo que remete à realidade do local em que sempre vivemos. Àquelas coisas que fazem lembrar épocas distantes, acontecimentos específicos e encontros inesquecíveis. A saudade dá as caras de uma forma jamais imaginada. Ela não mede tempo nem intensidade. Apresenta-se em um rebuliço que engloba infância, colégio e faculdade. Confunde o viajante, fazendo com que deseje profundamente ter uma máquina do tempo. Faz com que o presente não pareça tão brilhante e que o passado alcance o posto de insuperável perante a árdua tarefa de “aproveitar a vida”.

Mas é nessa hora que surge outro fator importante: o bom-senso. Se hoje sinto falta do que já fui, amanhã sentirei falta do quê? A resposta é simples: daquilo que estou vivendo agora. E assim sempre será. A missão, portanto, é fazer do dia de hoje um dia sempre melhor, que supere o anterior.

Lembrar é bom e sentir falta é ainda melhor. Não é judiação, é realidade. Um homem que não tem do que lembrar é um homem que não viveu. Sentir falta é saber que, em algum momento do passado, fizemos algo que valeu a pena. Algo que foi satisfatório o suficiente para se tornar inesquecível.

Portanto, o importante é viver, mas sempre lembrando. Lembrando daquilo que já fomos, daquilo que já vivemos. E mais importante que isso, lembrando que, se vivermos ao máximo o dia de hoje, estaremos acrescentando mais um acontecimento à lista dos fatos dignos de lembrança.

domingo, 21 de junho de 2009

Simplesmente Athlete

Simples. Se eu tivesse que descrever o show em uma palavra, seria essa.

Portões (que na verdade eram uma porta de auditório) com abertura marcada para as 19h. É show do Athlete! Quem diria, Athlete! Jamais imaginei ter a oportunidade de assistir a um concerto da banda.

Quatro da tarde e sento em um tradicional pub galês pra aquecer. Pint de Greene King por £ 1,30, é o paraíso! Bebo, bebo e bebo. Pilhas à mil. Quinze pras sete e ainda estou sentado na mesa do bar. Droga! Queria conseguir um lugar bom, melhor ir logo.
Com “Cardiff University” escrito no ingresso, tudo levava a pensar em um grande espetáculo (apesar dos míseros £ 15,00 de entrada). Já estava arrependido por ter demorado tanto tempo bebendo cerveja. Mas não é que chego lá e o movimento é zero? Ninguém por perto, nenhuma fila.

Assustado, pergunto ao único grupo de pessoas por perto: Vocês sabem aonde é o show do Athlete? Claro! - dizem eles. “Estamos indo pra lá, é só nos seguir.” Assim foi feito. Após escadas e escadas, estamos no local. A simplicidade do que vi foi de apavorar. Parecia (e sem mentira isso), churrasco do DCE. Sou o primeiro da fila. Isso é, se houvesse uma fila. E olha que já eram quase sete e meia!

Meia dúzia de outros fãs chegam ao local, e em seguida o segurança (estudante) libera a entrada. Entro e não creio no que vejo. Um barzinho, com algumas mesas metálicas e um palco pouco maior que o do NY. No canto, uma lojinha vendendo material da banda. A iluminação praticamente não existia e a decoração era totalmente nula. Os demais fãs (se é que eram tão fãs) sentaram-se nas mesas e por lá ficaram. Eu fiz diferente.

Não poderia perder a chance de ficar tão perto da banda. Grudei no palco e lá fiquei. Cerveja e cerveja, começa o primeiro show de abertura. Um rapaz (não em seus melhores momentos) entra e de cara pergunta o nosso nome (o Digão também foi ao show). “Tomás e Rodrigo, somos do Brasil.” Sem mais nem menos o tal “Ian” nos dedica uma música. Mais que isso, ao seu fim fala com as exatas palavras “I was sharing some beers with these great guys, my best friends, from Brazil.” Foi demais! Mas o importante é o Athlete. Por isso sequer vou citar a segunda banda de abertura (e de fato não merece ser citada).

Mais de nove horas e nada. De repente entra o Roaddie, dá aquela última afinada na guitarra e sai. Entra a banda. Todos de preto, com calças, sapatos e camisas simples. Qualquer espécie de produção parece ter sido dispensada. Simples assim.
A primeira música foi inédita, do novo cd. Não conhecia, então fiquei meio quieto. Com a mesma calma que entraram em palco, começaram a tocar a segunda música do set list. You got the style, simplesmente demais. O refrão da música parecia descrever exatamente o que estava acontecendo com o ambiente do local:

“Oh, it’s getting hot in here, must be something in the atmosphere.”

E era. Não demorou muito mais até o “público” se soltar (não se pode chamar de público menos de duzentas pessoas, pode?). Enfim, acaba a segunda música e lá vem ela, a mais esperada. Com cacife pra ser o “gran finale”, Half-Light veio já como terceira da lista.

E a simplicidade a que me referia pode ser observada nessa música. O riff é muito, mas muito simples. É, também, extremamente pegajoso e contagiante. Quem conhece sabe. Aí não deu outra, foi tudo pro espaço. Todo mundo pulando, gritando e cantando. Mas o Joel (vocalista) parecia querer ainda mais, por isso dizia:

“Tell the sun to start moving again!”

Sensacional. Essa é a hora do texto em que eu não consigo nem a pau descrever o sentimento do momento. Não dá. De repente no vídeo dê pra ver algo!
Uma paradinha na análise das músicas pra tentar mostrar o quão “particular” foi o show. No final de uma das músicas, o Joel viu que eu estava filmando e fez um final de positivo ao encerrar sua participação na guitarra. Óbvio que eu, mongolão que sou, me emocionei e baixei a câmera bem na hora.

Seguindo, depois de algumas outras ótimas músicas, chegou aquela que me surprendeu: Hurricane. É a melhor música do terceiro disco e já parecia ser algo bem legal de se ouvir ao vivo. Mentira, é ainda melhor que isso. Parece ter encaixando exatamente com o que sentia no momento. Embalei de tal forma que não queria que acabasse nunca.

"This is something we gotta get used to."
"This is something we gotta get used to."
"This is something we gotta get used to."


Mas depois de três minutos e treze segundos acabou. Mas não deu tempo de lamentar. E aqui mais uma mostra da simplicidade da banda. Na hora do tradicional break, ao invés de ir até o camarim (duvido que houvesse algum) e dar aquele tempinho pro público esquentar pras últimas músicas, eles foram bem diretos. “Vamos simplificar isso. Vocês gritam um pouquinho e batem umas palmas e nós nem saímos daqui.” E assim foi.

E finalmente, Wires. O hit da banda, se é que Athlete tem algum hit. Mas se o tivesse, sem dúvida esse o seria. Numa mescla de empolgação pelo que ouvia e tristeza pelo que viria, preferi abrir mão de qualquer pensamento e só me deixei levar pelo som.

E como o próprio refrão anunciava, assim acabou o show. Com a banda literalmente “running down corridors”. Não esperaram por nada, simplesmente saíram do recinto pelo meio do público, aplaudidos de todas as formas.

Simples como chegaram, saíram. E não ficaram devendo nada.

Alguns vídeos.

You got the style



Hurricane



Wires



ps.: não ia ao show pra não cantar! perdoem minha performance, hehe.

sábado, 20 de junho de 2009

With a little help from my friends

Tem horas que o cara se entrega. É difícil e desgastante, o cara tenta. Esforça-se ao máximo, se distrai, faz o que quer e o que não quer. Tudo pra abstrair. Às vezes não dá.

Quando não dá, mais o cara tenta. Consegue, tem que conseguir. Algumas coisas não podemos nos dar o luxo. É seguir tentando, seguir tendo sucesso. Até não dar mais.

E o que fazer quando não se tem mais forças? Quando toda a resistência àquilo que te escurece a mente parece ter ido por água abaixo?

É aqui que entram os amigos. Aqueles que sabem quando tu precisas deles, e nunca, nunca vão te deixar na mão.

Uma amizade verdadeira não há distância que separe, fronteira que barre ou oceano que afunde. Mais que isso, não há tarifa de DDI que desligue. A sintonia segue a mesma, e eles sabem, e como sabem.

Sabem o quão importantes e necessários são. Por isso estavam ali quando precisei. Situações como essa só demonstram o quão especial são, o quão bom foi tê-los conhecido e o quão sortudo sou.

Por essa e outras, tenho pena daquelas pessoas que conhecem um novo colega e depois de dias já o chamam de “amigo”. Amigos novos são sempre bem-vindos, mas sinceramente, algumas coisas só vêm com o tempo, e disso eu não tenho a mínima dúvida.

Amigo não é aquele “parceiro pra festa”. Amigo é o que vai na festa e não se esquece de ser amigo. É o que te liga às quatro da manhã só pra levantar o teu astral, não interessa se tu estás dormindo ou não.

É o que depois de te ligar as quatro, te liga as cinco pra te fazer falar com um pirata, só porque ele é engraçado. É o que liga quinze minutos depois pra dizer que te ama, e que sente tua falta.

Porque amigo ama, e ama mais do que qualquer amante. Porque amigo é amigo. Depois da família, é quem temos de mais especial. É quem escolhemos para compartilhar nossos melhores e piores momentos. É quem escolhemos para ajudar e ser ajudado.

E agora eu tenho certeza. Sei que aquele papo de “pra sempre, cara”, é verdadeiro. No meu caso, pelo menos, é. Já achava que era, mas depois de ontem tenho certeza. Só me resta agradecer.

Por essa e por outras que o Ringo é rei. Em meados de 1967 já cantava a pedra:

How do I feel by the end of the day
“Are you sad because you’re on your own?”
No, I get by with a little help from my friends.
Mmm, I get high with a little help from my friends,
Mmm, I’m gonna try with a little help from my friends.


Sem mais.

Próximo post, show do Athlete!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Publicidade agressiva: positiva ou negativa?

Se tem algo ruim em estar vivendo em Londres apenas estudando, é o sentimento de inutilidade. Tenho aprendido e crescido bastante, estudado inglês, francês e até um pouco de espanhol. Mas convenhamos, curso de idioma é e sempre será uma atividade complementar.

Pois então, tenho observado bastante a publicidade daqui. Faço isso sem qualquer método ou regra, apenas analiso para mim mesmo. Sempre pego o material que disponibilizam na rua, flyers, folders, revistas e afins. Outdoors, busdoors e demais mídias, tento não deixar passar nada.

O mais curioso, no entanto, é a liberdade que os britânicos têm por aqui. Não há nada que os impeça, legal ou moralmente, de inserir a concorrência em seus anúncios.

O Sainsbury’s, por exemplo, é campeão de fazer isso. Trata-se de uma das maiores redes de supermercados londrinos. Na etiquetação dos preços, eles declaram abertamente a rivalidade existe em relação ao Tesco, outro gigante do ramo. Todos seus preços acompanham o dizer “melhor preço, conferido com o do Tesco.”

A rivalidade mais declarada, no entanto, é a Costa-Starbucks. Não por parte do último, que prefere adotar uma abordagem mais “elegante” diante da disputa (e tem o café muito melhor, hehe). O Costa publica quase que diariamente anúncios nos mais diversos jornais da cidade. Todos eles literalmente bombardeando o concorrente. Fica aí a imagem exemplificando (se ficar muito pequeno é só clicar que dá pra ver. é logo abaixo da chamada!):


Acho que essa relação entre os concorrentes é uma faca de dois gumes. Por um lado, é bom saber que se tem essa liberdade para publicação de material publicitário. Dá uma sensação de que se pode “pensar sem limites”. Mas será que esse limite não parte por outro lado?

Na curta experiência que tive aí no Brasil, percebi que é preciso se desdobrar pra pensar em algo inteligente, em algo novo. Naquela chamada que tu olha e pensa “puta, matou a pau”. É preciso combinar criatividade e inspiração em seu auge. Não é fácil, mas quando sai, é muito bom, é de dar orgulho.
Com o tempo, aliás, “vai saindo mais fácil”. Quanto mais o cara pensa, melhor o cara fica. As coisas vão saindo ao natural.

Antes de dizer o que vou dizer, queria esclarecer que a publicidade aqui é de altíssimo nível, muito boa mesmo. Se possível vou seguir postando mais exemplos.

Como dizia, será que essa tal liberdade para se “falar mal” do adversário não acaba por enterrar a criatividade? Não fica faltando aquela perspicácia e elegância na hora de publicar algo?

Fico com a impressão de que a empresa deixa de se valorizar e passa apenas a agredir o concorrente, tentando assim estragar sua imagem. Mas esse efeito não pode ter o efeito contrário? O público não pode enxergar isso como uma agressividade desnecessária? Será que não fica muito fácil pensar em algo?

Enfim, era isso que gostaria de compartilhar. Usem o espaço para comentar sobre o que acham, principalmente os publicitários. Os demais também são bem-vindos!

sábado, 13 de junho de 2009

Uma noite no O2 Empire... com Keane!

A idéia era postar textos que mandei pro jornal, mas vou mudar um pouco esse conceito. Até porque não teria sentido em escrever coisas mais pessoais lá. Também acho que não adianta falar apenas sobre o que sinto e nada sobre o que faço.

Por isso vou escrever um texto sobre o show do Keane que fui. Não lembro a data exatamente, mas foi na última semana de maio, no O2 Empire.
Estava em dúvida, pois já havia gastado uma fortuna em shows. Quando decidi comprar, os ingressos já haviam esgotado. Aí sabe como é, quanto mais difícil, mais a gente quer. Que nem criança.

Entrei no ebay e achei um usuário vendendo o ingresso pelo mesmo preço de bilheteria. Nem pensei duas vezes. Paguei e quatro dias depois já estava com ele na mão.

Como ia sozinho, fiquei receoso de não aproveitar, mas me esforcei ao máximo e deu tudo certo. Cheguei duas horas antes da abertura dos portões. Fui ao Oneill’s da esquina, tomei uma Guinness Red, que por sinal não recomendo. Logo, faltando pouco mais de meia-hora, entrei na fila. Em seguida já estava lá dentro.

O lugar é pequeno, mas sensacional. Três andares com bar e banheiro em todos. Cadeiras novas, estofadas e confortáveis. Aconchegante e elegante. Pra não perder o embalo, tomei mais algumas cervejas.

Detalhe é que as cadeiras não eram numeradas, o que foi excelente para mim. Como cheguei cedo, pude escolher o melhor lugar, pelo menos no andar em que estava. Fiquei muito, muito próximo do palco.

Como o evento não era simplesmente um show do Keane, mas sim a semana comemorativa de cinqüenta anos da Island Records (gravadora que entre outros artistas conta com U2, Amy Winehouse e Bob Marley em seu catálogo), tive que amargar dois shows chatinhos pra “esquentar” o público.

A primeira banda foi “Ladyhawke” e a segunda nem lembro. Pra ser sincero, não quero perder tempo com isso. Vamos direto ao que interessa: Keane.

No último intervalo antes do show fui ao bar reabastecer o estoque de cevada. Comprei duas Carlsbergs e coloquei uma ao meu lado, no chão. Não queria perder um segundo sequer.

Finalmente chegou a hora, o apresentador da noite anuncia: Ladies and gentlemen, put your hands together for KEANE!

Não preciso dizer que a galera foi a loucura, assim como a banda. Entraram animadíssimos, já tocando. A primeira música foi “Spirraling”, muito bem escolhida por sinal. É empolgante e contagiante. Logo em seguida, Tom Chaplin cumprimenta o público e já larga, sem mais nem menos, aquela frase que todo mundo conhece:

“You say you wander your own land...” – foi foda!

Parece que não deu tempo nem de assimilar, parecia irreal. Tantas vezes fui ao NY e delirei ao som dessa música. Agora eram eles, os reais autores. Ali, a minha frente, tocando as mesmas notas que tantas vezes já compartilhei com todos meus amigos e com a Galaxy, no Pub. Impossível descrever o que senti.

Acabou a música e pensei “nossa, agora acalma.” É claro que não. Tom solta “This is the Last Time...”. Provavelmente minha favorita, é o que eu achava. Uma vez mais fui a loucura. Incrível.

Pensei que poderia ser ruim começar com todas as boas, não sobraria nada pro final. Foi aí que a banda começou a tocar “Perfect Symmetry”, faixa-título do último cd. Puta, aí fodeu tudo. A música em si é toda sensacional, mas o final matou a pau. Na tradicional paradinha de qualquer hit, o teatro parou e o Tom começou a berrar “Wrap yourself arooooound me, wrap yourself aroooooound.”, acompanhado pelos acordes, que voltaram ainda mais potentes. Completamente estonteado e sem saber o que fazer, simplesmente peguei minha Carslberg, tomei um baita gole e pensei: cara, do caralho!

Poderia falar de todas as músicas, “Somewhere Only We Know”, “The Lovers are Losing”, “Playing Alone”, etc. São muitas. Keane é definitivamente uma banda criadora de hits. São apenas três cds, mas eles já conseguem rechear um set-list com 18 hits famosos.

O último destaque, na minha opinião, vai para Crystal Ball. Nessa o público, a banda, os seguranças, eu e todo mundo enlouqueceu. Parecia que o teatro viria abaixo. A prova disso é que o próprio vocalista se jogou no meio da galera, sem mais nem menos.

Enfim, é isso. Um baita show. Sei que muita gente não gosta de Keane, muitas vezes nem os consideram uma banda de rock. O principal argumento é que eles só usam piano, bateria e voz. Pois bem, é mentira. Agora a banda conta com um baixista e o próprio Tom Chaplin toca guitarra.

Claro que ninguém é obrigado a gostar, mas sinceramente? Duvido que alguém fosse ao O2 Empire naquela noite e não se emocionasse. Sem dúvida, um show maravilhoso. E como não sou egoísta, aí vão alguns vídeos pra vocês!

No mais, saudades!

Crystal Ball




Somewhere Only We Know




Perfect Symmetry




Playing Alone

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um povo sem unidade, mas único

Os olhos puxados dos chineses, o charme das francesas e a burca das muçulmanas. O sotaque dos latinos, o cabelo loiro das suecas e o físico vigoroso dos alemães. O cabelo espetado dos japoneses, a pele morena dos indianos e o jeito desleixado dos argentinos.

Em Londres se convive diariamente com estereótipos, e em grande variedade. Depois de viver algum tempo por aqui, fica mais fácil reconhecer a origem das pessoas. Nacionalidade, religião e cultura: são características que passam a ser vistas a olho nu.
Muitas vezes o intercâmbio cultural sequer existe, e nesses momentos essa classificação fica ainda mais simples. São as festas voltadas para os latinos, os pubs irlandeses e as noites de karaokê dos japoneses. O que era para ser intercultural se transforma em algo exclusivo de cada povo.
O momento de maior interação entre as diferentes culturas acaba sendo na própria sala de aula. Os professores, inclusive, estimulam isso. Formam duplas de trabalho estritamente internacionais.
E foi na sala de aula que pensei pela primeira vez em uma situação que até agora indago: o que caracteriza o brasileiro para um estrangeiro? Como ele sabe que somos brasileiros? Ele sabe? Qual é nossa principal característica? Tal característica realmente existe?

Sinceramente, não sei.

Eu mesmo nunca me passo por brasileiro, mas sim por espanhol e, infelizmente, argentino. No início me chateava a respeito, mas aos poucos percebo que não posso culpá-los. Somos o quinto maior país do mundo tanto em extensão territorial quanto em população, fazemos fronteira com dez países da América Latina e sentimos, até hoje, os reflexos da mescla cultural obtida desde os tempos de colonização.
Não penso que representamos um país sem identidade, muito pelo contrário. Todos nos conhecem, sabem do que gostamos e o que fazemos. Futebol, Rio de Janeiro, carnaval, praia e havaianas. Ao descobrirem que sou brasileiro, são sempre estes os tópicos mencionados pelos gringos. Há também a parte da pobreza, das favelas, do tráfico e do submundo, mas isso é assunto para outra oportunidade.
Voltando ao papo de uma ‘identidade’ nacional, tentei dissecar o fato aos poucos. Pensei então na beleza da mulher brasileira, mas fiquei ainda mais confuso. Gisele Bündchen, Juliana Paes, Fernanda Lima e Alessandra Ambrósio. São todas lindas, mas há algo em comum entre elas? Loiras, morenas, mulatas, magras, olhos verdes, castanhos ou azuis. Não há unidade na beleza da brasileira. Enquanto as francesas são charmosas e as tchecas misteriosas, as nossas mulheres são o quê?
Insatisfeito, cheguei ao futebol, afinal de contas somos exportadores de craques e os únicos pentacampeões do mundo. Mas há unidade nisso? Ronaldo Nazário é atacante, Ronaldinho Gaúcho é meia e Kaká é armador. Já a Argentina é famosa pelos seus goleiros e a Alemanha por seus zagueiros, e nós? Uma vez mais não temos uma característica única e específica. Simplesmente temos ótimos jogadores.
Quem sabe, então, nosso sotaque nos denuncia? Duvido. Penso na dificuldade que tenho para entender baianos e nordestinos em nossa própria língua e essa teoria já se desfaz por terra. Até porque eles também devem sentir a mesma dificuldade para me entender.
Ainda não sei a razão para isso, mas sempre que vejo um brasileiro, percebo na hora. Não sei se é o jeito de andar, o modo de se vestir ou a irreverência de ser. A verdade é que, entre nós, nos conhecemos. Sabemos que viemos do mesmo país, independente do estado. Há algo intangível, uma espécie de aura invisível que nos diz: somos do mesmo lugar. Parece mentira, mas realmente acontece, é como um radar. Concluo, portanto, que há sim algo que nos identifica, pelo menos entre nós. Mas sigo sem saber exatamente o que.

Penso que, talvez, seja exatamente isso que nos diferencia: a ausência de algo em comum, a escassez de estereótipos. Ou melhor, escassez apenas em um cenário universal, pois nacionalmente falando, são inúmeros os exemplos. O carioca sempre vai ser folgado, o mineiro quieto e o gaúcho orgulhoso. A questão é que somos tão diferentes entre nós mesmos, que nos tornamos únicos.

E aí está, portanto, a resposta do problema.

São as nossas diferenças que nos tornam únicos. O que nos diferencia é justamente aquilo que nos dá unidade.

Por isso afirmo: somos um povo sem unidade, mas somos únicos.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Ponto de partida

Hello, hello!

Bom, como alguns sabem eu estou escrevendo textos para o Diário da Manhã. São "colunas" que saem uma vez por semana. Nelas falo sobre como está sendo a vida em Londres, faço comparações com o cotidiano que tinha em Pelotas e sobre o que tenho sentido. Enfim, retrato minhas experiências.

De algumas semanas pra cá, algumas pessoas têm me pedido para publicar os textos em um blog, ou algo do tipo. Pois bem, aqui está.

A idéia é publicar, em um intervalo de alguns dias, aqueles textos que JÁ saíram no jornal. Assim vocês poderão encontrar o que perderam por aqui, e descobrir o que é novo por lá. Embora eu entenda que no jornal é mais difícil de ver, já que as colunas não têm dia fixo pra sair.

De qualquer forma, vou postando aqui. Espero que gostem dos textos. Ah, e desde agora já peço para aqueles que puderem, me 'linkarem'. Fica mais fácil pra navegar e divulgar também. Farei o mesmo com os blogs que já conheço e frequento.

Era isso, primeiro texto amanhã já.

Valeu!