terça-feira, 16 de junho de 2009

Publicidade agressiva: positiva ou negativa?

Se tem algo ruim em estar vivendo em Londres apenas estudando, é o sentimento de inutilidade. Tenho aprendido e crescido bastante, estudado inglês, francês e até um pouco de espanhol. Mas convenhamos, curso de idioma é e sempre será uma atividade complementar.

Pois então, tenho observado bastante a publicidade daqui. Faço isso sem qualquer método ou regra, apenas analiso para mim mesmo. Sempre pego o material que disponibilizam na rua, flyers, folders, revistas e afins. Outdoors, busdoors e demais mídias, tento não deixar passar nada.

O mais curioso, no entanto, é a liberdade que os britânicos têm por aqui. Não há nada que os impeça, legal ou moralmente, de inserir a concorrência em seus anúncios.

O Sainsbury’s, por exemplo, é campeão de fazer isso. Trata-se de uma das maiores redes de supermercados londrinos. Na etiquetação dos preços, eles declaram abertamente a rivalidade existe em relação ao Tesco, outro gigante do ramo. Todos seus preços acompanham o dizer “melhor preço, conferido com o do Tesco.”

A rivalidade mais declarada, no entanto, é a Costa-Starbucks. Não por parte do último, que prefere adotar uma abordagem mais “elegante” diante da disputa (e tem o café muito melhor, hehe). O Costa publica quase que diariamente anúncios nos mais diversos jornais da cidade. Todos eles literalmente bombardeando o concorrente. Fica aí a imagem exemplificando (se ficar muito pequeno é só clicar que dá pra ver. é logo abaixo da chamada!):


Acho que essa relação entre os concorrentes é uma faca de dois gumes. Por um lado, é bom saber que se tem essa liberdade para publicação de material publicitário. Dá uma sensação de que se pode “pensar sem limites”. Mas será que esse limite não parte por outro lado?

Na curta experiência que tive aí no Brasil, percebi que é preciso se desdobrar pra pensar em algo inteligente, em algo novo. Naquela chamada que tu olha e pensa “puta, matou a pau”. É preciso combinar criatividade e inspiração em seu auge. Não é fácil, mas quando sai, é muito bom, é de dar orgulho.
Com o tempo, aliás, “vai saindo mais fácil”. Quanto mais o cara pensa, melhor o cara fica. As coisas vão saindo ao natural.

Antes de dizer o que vou dizer, queria esclarecer que a publicidade aqui é de altíssimo nível, muito boa mesmo. Se possível vou seguir postando mais exemplos.

Como dizia, será que essa tal liberdade para se “falar mal” do adversário não acaba por enterrar a criatividade? Não fica faltando aquela perspicácia e elegância na hora de publicar algo?

Fico com a impressão de que a empresa deixa de se valorizar e passa apenas a agredir o concorrente, tentando assim estragar sua imagem. Mas esse efeito não pode ter o efeito contrário? O público não pode enxergar isso como uma agressividade desnecessária? Será que não fica muito fácil pensar em algo?

Enfim, era isso que gostaria de compartilhar. Usem o espaço para comentar sobre o que acham, principalmente os publicitários. Os demais também são bem-vindos!

8 comentários:

  1. a publicidade européia é beeem mais direta que a latina, lembro de assistir aquele programa do multishow - na hora do intervalo - e sempre ficava chocada com a forma com que os europeus tratavam certos assuntos, parece realmente que os limites são quase inexistentes, este teu texto é mais um exemplo disso, vale tudo, seja em relação à concorrência, seja em relação ao consumidor. Certamente sai muiiiita coisa boa, mas também sai muiiiiita coisa sem conteúdo. Sempre tem os dois lados, não adianta!

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  2. aqui em pelotas temos o exemplo do colégio mário quintana que agredia através de sua propaganda as outras escolas isso estragou um pouco a sua imagem se tornou antipáico diante dos olhos da comunidade,precisou alguna pais se indignarem (pais de alunos)para eles mudarem de tática.

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  3. Ola amigo! E a primeira vez que passo no seu blog, pois ate entao nao tinha conhecimento do mesmo... sem mais delongas, vai tomar no cu com esse "about me", beijos!

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  4. poiseh, eu sou da posição que o conar impede sim e muito o trabalho do publicitário. mas essa necessidade de "enganar as regras" faz sair coisas mais bacanas, o pessoal tem que se esforçar mais, sabe?
    e sobre o MQ, eu achava um baita posicionamento. euquanto tds as outras escolas particulares vendiam a idéia de "crescer como cidadão" dentro da escola, ele se vendia como aquela que te boatav dentro da universidade, que cidadania se aprende em casa.
    e isso nao tem naaaada a ver comigo sendo quintanense eterna :D

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  5. acho que nesses casos europeus a criatividade fica um pouco de lado né, afinal é muito mais simples sair agredindo a concorrencia. acho também que no Brasil esse tipo de publicidade agressiva é mto mais percebida, por ser algo corriqueiro. não sei como é aí, será que os londrinos se chocam com uma "agração" ao concorrente? e sobre o MQ, comentando os outros comentarios... prefiro o posicionamento deles agora, afinal não acho que crianças de 5 anos devam se preocupar em entrar na universidade. enfim,e eles vendiam essa ideia...
    concluindo, sou a favor da criatividade, e acho que até na hora de agredir devemos ser diferentes :)
    besos!

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  6. Bommm, concordo em conteúdo e grau com o que tu disse sobre o esforço que temos como publicitários pra tirar uma sacada legal de tantas restrições.. às vezes é difícil, mas acho que transparece no resultado. Aqui em Londres, parece que não tem lugar pras entrelinhas, tudo é explícito e chocante.
    Fico só sem saber se o público daqui, acostumado com esse tipo de discurso, tem a mesma impressão ruim que a gente tem quando vemos anúncios como esse. Fica a dúvida.. :)

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  7. Show de bola o o blog Tomás! Tu escreve muito bem!!
    Beijão
    Luly

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  8. Não sou publicitário, mas tu sabe que minha área é totalmente relacionada. Puxando pro meu lado, eu fico com a "criatividade-agressiva". Sabe aquelas propagandas cheias de duplos sentidos? Dizem que não dizem, mas acabam dizendo. Então, bem por aí. Mantém a classe, demonstra inteligência, arranca um certo ódio da concorrência e traz aquela "bela" satisfação ao criador.
    É isso mano, segue escrevendo que tá muito bom!
    Saudades cara, grande abraço!

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