sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um torcedor em campo

Jogador, líder e torcedor. Poucas vezes vemos essas qualidades reunidas no mesmo atleta. Óbvio que não poderia deixar de falar sobre a saída do Tcheco. Nunca escondi que sou fã declarado do capitão.

Perdemos um guerreiro, perdemos o nosso camisa 10.

Sei que Tcheco sempre foi um jogador polêmico. Muita gente dizia que estava velho, que amarelava, que era medíocre. Na minha opinião, são críticas injustas. Ofensas que apenas o principal jogador de uma equipe recebe. Afinal de contas, não é o lateral-esquerdo ou o segundo atacante a quem vão culpar.

Foi culpa do Tcheco quando Rafa Marques marcou contra a própria meta?

Foi culpa do Tcheco jogar contra o Riquelme?

Foi culpa do Tcheco a direção ter esperado dois meses por um treinador sem vontade?

Foi culpa do Tcheco o elenco do Grêmio ser mediano há quatro anos?

Para alguns, foi.

Na minha opinião, foi culpa do Tcheco nos dar esperança.

Alguém acreditava que o time de 2007 chegaria a final da Libertadores, com o grupo que tinha? Imagine sem o Tcheco.

Alguém imaginava que seriamos vice-campeões ano passado, com o grupo que tínhamos? Imagine sem o Tcheco.

Alguém esperava subir da segundona e já garantir Libertadores? Culpe o Tcheco.

E acredito que seja daí que surge essa dualidade entre herói e vilão que nosso eterno capitão sempre enfrentou. Ele nunca desistiu, sempre se esforçou. Não jogava a toalha, e isso contagia a torcida. No final, acabamos frustrados, porque não era para ser mesmo. E acabamos jogando nossa raiva em cima daquele que nos fez acreditar. O Tcheco.

A diretoria é incompetente, não contrata, não planeja, não organiza. Jogadores como Tcheco, Lucas, Victor, Souza, Carlos Eduardo e William tentaram. Por muito pouco não superaram as dificuldades dos campeonatos e o despreparo da cúpula de diretores gremista. Mas não conseguiram. Não há quem consiga.

E isso é injusto com todos eles. Mais ainda com Tcheco, que presenciou e vivenciou todas essas fases.

A cada gol que marcava, para cada cabeceio que alçava, um mesmo semblante. Feio, desajeitado e choroso.

A mesma cara de 45mil gremistas nas arquibancadas.

O registro de um legítimo torcedor, de alguém que realmente se importava com aquilo ali. Alguém que jogava pelo amor que tinha por três cores: azul, preto e branco.

A diferença é que ele estava em campo.

Sua frustração ficou clara na entrevista de ontem: queria títulos expressivos. Espero que, agora que se foi, as pessoas aprendam a apontar as causas pelas quais estes não vieram. Chega de culpar quem só fez ajudar. Morremos na praia porque a diretoria não nos deu condições de chegar mais além.

Obrigado por tudo, Tcheco. Vai tranqüilo, o que é teu está guardado. E o que fizestes por aqui foi inesquecível, podes ter certeza.



Tcheco, imortal tricolor.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Quando a gente se sabota...

Sabe quando parece que a gente se encontra em transe? Não sei explicar direito. É mais ou menos quando tu olhas pra trás e pensas: em que estado de mente eu estava quando fiz/decidi isso?

Não é que tu tenhas feito algo de errado. Não é isso. Não falo no sentido de se arrepender de seus atos. Acho isso, inclusive, desperdício de tempo.

É mais quando a gente parece não estar percebendo que o tempo segue andando. Parece que a gente não se dá conta do que vem acontecendo. Vai deixando, não se importa.

É meio que se perder. Esquecer quem tu és e deixar de lado as coisas que tu realmente gostas.

Pois então, começo a perceber que, desde que voltei de Londres, tenho estado assim. Deixei o tempo ir passando, não fiz muitas coisas que sempre gostei de fazer. Vi muito menos pessoas que gostaria de ter visto mais. Não fui a todos os lugares pelos quais, enquanto estava lá, fazia juras de amor.

Que porra é essa? Já chega, acordei deste estado! Não sei se é a iminência da volta do pessoal que cria uma espécie de “reação inconsciente”, mas finalmente saí dessa. Talvez o simples fato de voltar a fazer coisas que sempre fiz (e gostei) tenha aberto meus olhos.

Sinuca até as duas; cruz de malta de tardezinha; voltas no Papuera; dois, três filmes por semana; idas ao laranjal, etc.

Aonde estava tudo isso?

Acabei sendo refém de um seqüestro no qual eu era o próprio seqüestrador.

Ser libertado só dependia de mim. Não exigia custos ou resgate.

Pode ter demorado, mas finalmente aconteceu.

E agora não tenho mais desculpas para não ser quem eu gosto de ser.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Complexidade pede simplicidade

Canções de amor são inúmeras. Na verdade, esse é o tema principal de boa parte dos grandes artistas, independente de estilo. No Rock não é diferente.

Há quem diga que chega a ser repetitivo, mas eu discordo. Não acredito que exista outra emoção tão complexa quanto o amor. Acho que é justamente por isso que os letristas e compositores tanto abusam do tema. Alguns com maior competência, é claro. É o caso do Kelly Jones, líder do Stereophonics.

Ele já fez música sobre fim de namoro e paixões de adolescência. Já pagou de “pegador” e compôs um disco inteiro com nome de ex-namoradas. Mas foi nesse último disco (que ainda está por ser lançado) que ele atingiu o ápice no tema.

“Could you be the one” é o nome da música que guia meus pensamentos, nos últimos dias.

A melodia é simples. Um dedilhado calmo, mas elegante. O vocal começa sem avisar aonde vai parar. Parece apenas mais uma música legalzinha para um disco que promete manter um nível de regularidade.

Surpresa!

A sinceridade e a emoção. É um poema que transborda paixão e honestidade. Não sei a história da música, para quem ela é dedicada, se é que é. Mas ouvi-la me fez resgatar aquele sentimento especial. Aquele que guia nossos atos e ao mesmo tempo complica e descomplica nossa vida.

Aquele bambear de pernas.
O encabulado desviar do olhar.
Aquela pressão no peito.
Aquela mescla de nervosismo com empolgação.
Aquele estágio de vulnerabilidade absoluta. O exato momento em que abandonamos todas as nossas defesas e ficamos à mercê.

Do que pode acontecer.
Do que pode não acontecer.
Do que queremos que aconteça.
Do que tem que acontecer.

Não sei se todas as pessoas conseguem entender o que estou tentando dizer. Refiro-me a sinceridade da letra. “Every little thing that you do is cool” chega a parecer High School Musical.

Mas não, não é!

É honestidade pura! É gostar tanto de alguém a ponto de só conseguir dizer isso. É entregar-se por completo. É falar algo que habita no teu peito, mesmo correndo o risco de parecer idiota, como realmente soa.

Mas é um idiota admirável, um idiota carinhoso!

Um idiota que, se dito a pessoa certa, será prontamente correspondido com outra frase do mesmo nível. Algo da mesma forma idiota, como “Every little thing you do is fashionably hip, even when you’re mixing greens and blues.”

Externar os sentimentos é algo complexo. E é por isso que acredito que, ao tentar fazê-lo, a melhor alternativa é justamente o contrário do que a maioria das pessoas fazem: simplificar.

Não há porque complicar ainda mais algo já tão difícil. Palavras complexas, normas literárias e harmonia estrutural não são os elementos que nos surpreendem.

Mas sim a simplicidade. A honestidade. A sinceridade

Aí vai o vídeo seguido da letra, para quem quiser acompanhar.



Could you be the one - Stereophonics

Every litthe thing you do is magic lately
Every little thing that you do is cool.
Every little thing you do is tragically hip.
Even when you tent to play the fool.

When you open up your tired eyes.
And take a look at what’s inside.
The mirror on your wall tells you the truth.

You’re exactly where you wanna be.
There ain’t no fear or misery.
The sun is shining down and the clouds have cleared.

Could you be the one for me?
Could you be the one for me?
Could you be the one for me?
Could you be the one for me?
Could you be the one?

Every single thing you do is magic, baby.
Every little thing that you do is cool.
Every little thing you do is fashionably hip.
Even when you’re mixing greens with blues.

When you open up your paint stained eyes
From the night before when you were high.
The smile upon your face tells you the truth

You’re exaclty where you wanna be
There ain’t no fear or misery
The sun is shining down and the clouds have cleared.

Could you be the one for me?
Could you be the one for me?
Could you be the one for me?
Could yoube the one for me?
Could you be the one?


Legal, né? Então... Could you be the one?