segunda-feira, 21 de junho de 2010

Rock da Ocasião

Como havia dito, criei um blog novo com outro propósito. Nele pretendo fazer breves "reviews" de músicas, sempre tentando relacioná-las a determinadas ocasiões. Situações do cotidiano, coisa e tal.

O endereço é: http://rockdaocasiao.wordpress.com/

Apenas reiterando que não abandonarei este blog. Em duas semanas estou indo pra Londres à passeio com meu pai e de lá, certamente, estarei escrevendo.

Era isso.. grato

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Blog novo

Bueno, como geralmente fico muito tempo sem postar nada aqui, resolvi mudar o estilo. Ao invés de textos gigantes e descritivos, vou passar a simplesmente sugerir músicas.

Colo um vídeo, dou uma explicada e algum outro pitaco. A ideia é visualizar situações do cotidiano em que cada música se encaixa perfeitamente. Tipo uma música pra se ouvir de mau-humor, outra pra escutar tomando café e por aí vai.

Acho que dessa forma fica uma leitura mais dinâmica e útil também.

No entanto, vou fazer outro blog pra isso. Acredito que ainda terei outros devaneios imbecis para publicar por aqui. Por isso, deixo esse espaço reservado.

Em breve anuncio o novo endereço aqui.

terça-feira, 1 de junho de 2010

What can I do.... HONEY!

Não lembro de dia nem mês, mas recordo que foi no inverno de 2001. Pedi R$ 25,00 ao meu pai e fui até a Studio Cds. Queria um disco do Aerosmith. Não sabia exatamente qual, podia ser qualquer um. O motivo não sei. Talvez tenham sido as inúmeras caronas de minha mãe ao treino de tênis, sempre ao som do conjunto de Boston. Ou de repente os listenings nas aulas de inglês do MAB.

O importante é que realmente passei a gostar da banda.

Cheguei à loja e fui direto na letra "A". Lá encontrei diversos discos. Um com um carro por cima do outro, outro com uma vaca que teve um piercing colocado em uma de suas tetas. Dei uma olhada na tracklist, mas de nada adiantou. Afinal de contas, pouco conhecia da discografia deles. Um terceiro cd, no entanto, chamou minha atenção: uma mulher metálica com um vestidinho amarelo em um fundo completamente rosa. Na hora remeti ao clipe de minha, até então, favorita música do Aero. Virei o disco e lá estava ela: Fly away from here.

"Moço, vou querer esse!"

E é por isso que uso All Star e não penteio o cabelo até hoje.

O motivo pelo qual escrevo sobre algo tão antigo é simples: o show do Aerosmith em Porto Alegre, quinta-feira passada. Óbvio que não deixaria de ir. A vontade era tanta que, assim que começaram as vendas para o concerto de SP (este, até então, a única data nacional) já realizei a compra. Gastei uma fortuna, mas pouco me importei. Era algo que definitivamente queria fazer. Sem dúvida, em uma lista de "100 coisas para se fazer antes de morrer", esta seria uma.

Por ironia do destino, a banda acabou por marcar uma nova data para a capital gaúcha. No começo fiquei indignado. "Toda essa mão, passagem comprada e eles resolvem vir aqui ao lado, porra!". Bobagem, em seguida uma das mais clichês máximas do universo se concretizou: tudo acontece por um motivo.

Consegui cortesias para POA e vendi o ingresso de SP. Além disso, e mais importante, acabei por ganhar a mais ideal companhia, o que acabou por poupar-me de uma conta telefônica mais salgada no fim do mês, pois as SMS não seriam poucas.

Arranjamos uma excursão e lá estávamos nós: uma da tarde do dia 27 de maio, dentro de um ônibus, tomando Polar e numa empolgação, no mínimo, empolgante, com o perdão da redundância.

Ao chegar na capital, inúmeros problemas com as cortesias. A secretária do escritório as havia entregado, por engano, a outro casal. Ligamos para o cara e ele ainda estava em Pelotas. Uma confusão desgraçada. Combinamos de encontrá-los em frente à FIERGS, e para lá fomos. Entrando no estacionamento, compramos mais seis "Polares" e ficamos no aguardo da banda, em uma mescla de expectativa e embriaguez.

Começou! De cara lançaram "Love in an elevator", massa! Lá estavam eles: Tyler com suas roupas escandalosas e lenços pendurados no pedestal do microfone, Perry de cabelo curto e grisalho e todo o resto da banda.

Esqueci-me de dizer que, neste momento, a chuva caia torrencialmente. Azar, nada mais importava! Jaded! Bah, Jaded! Que música foda. Lembro que nessa hora estava indo ao banheiro quando escutei os primeiros acordes da música. Voltei correndo, e aí sim não consegui mais ir. Afinal de contas, a mais aguardada sequência da noite estava por vir: Crazy e Cryin'.

Sensacional, indescritível. "Crazy, crazy, crazy... for you baby". O "Hooooney" do Tyler é tão (mais) foda ao vivo quanto no disco. Com certeza a palavra mais foda do show. Fora o coro da multidão que parecia dar ainda mais força pro magricelo e bocudo Steven. Isso sem falar nos múltiplos significados que uma só palavra conseguiu atingir em um único momento. Talvez um recorde...

Mal deu tempo de recuperar os ânimos.

"I could spend my life in this sweet surrender, I could stay lost in this moment forever. Every moment spent with you is a moment I treasure. I don't want to close my eyes, I don't want to miss a thing."



Não há música mais bonita que essa. Não tem. Mesmo. Simplesmente não existe.

Depois ainda pude ouvir clássicas como "What it takes", "Rag doll", "Sweet emotion" e "Walk this way".

O show chegava ao fim e, apesar da tristeza, tive a certeza de aproveitar ao máximo um momento inesquecível da minha vida. Uma daquelas noites memoráveis, que tu contas aos amigos e eles não conseguem entender tamanha emoção.

O que lembro, o que não lembro, o que aconteceu e o que ficou no pensamento. Foi tudo tão sensacional que não sei nem o que dizer para encerrar o texto.

Simplesmente um sonho realizado. Ou dois...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Apagando estrelas

Às 23:55 da noite de ontem deparo-me com uma dura realidade. Depois de quase duas horas regadas a Polar de litro e debates futebolísticos, acontece aquilo que todo torcedor gremista temia: cruzamos o caminho do Santos, o time sensação do futebol brasileiro.

Na mídia, não há espaço para mais ninguém. São as pedaladas de Robinho, os óculos do Neymar e as penas do Ganso. Quem bate de frente com o time de Pelé acaba, da mesma forma, virando manchete. Óbvio que de maneira secundária, pois lacunas não habitam os arredores da Vila Belmiro. Foi o Santo André que jogou de igual para igual, mas perdeu. O Luxemburgo que foi humilhado, xingado e ofendido. E, ah, perdeu.
O Santos é imbatível!

E o Grêmio? Tá aí pra quê? Para sofrer? Para vangloriar ainda mais o Peixe? Vai cumprir papel de coadjuvante, oferecendo nada além de um grande espetáculo para o público e sucumbindo ao fim? Para ser alvo de deboche das Coloridas?

Tenho minhas dúvidas.

Acesso a página gremista do globoesporte.com e observo comentários sobre o adversário, possíveis estratégias, receios e precauções. Pergunte-me o que encontro na página santista. Ganso na seleção, renovação de Robinho e o técnico Dorival Jr. desculpando-se ao Luxa. Ou seja, não estão nem aí para nós. Que assim seja.

Lédio Carmona, um dos poucos comentaristas esportivos da Rede Globo que admiro, declarou, também na noite de ontem, que não aponta favoritos para este embate. Discordo dele. O Santos é, sim, o favorito. É o time que joga bonito, com alegria e todo aquele bla bla bla à la Galvão Bueno.

E isso é bom pra gente! Nunca vencemos como favoritos. Gostamos de surpreender. No fundo, desejamos ser ignorados, menosprezados. Este é o plus fundamental para o sucesso Tricolor. Precisamos provar jogo após jogo que não estamos aí para cumprir tabela. Essa é a fórmula do Grêmio.

Se construimos uma vantagem de três gols, perderemos de dois. Se estamos em desvantagem de cinco, ganharemos de seis, no último minuto. É assim que funcionam as engrenagens do Imortal. E não reclamem, quem não aguenta, que torça para o São Paulo.

Tenho só uma coisa pra dizer quanto ao "jogo" dos garotos da Vila: foda-se!

- Eles tem o ataque mais positivo do país? Nós temos Victor. Ozéia vem jogando bem, Neuton segue surpreendendo.

- Ganso arma muito? Arma, mas a gente marca! Adilson parece um morto de fome atrás da bola, Rockembach é lutador e William Magrão, caso jogue, é perigosíssimo. Pena que para os dois lados!

- Não tem como marcar o Neymar? Beleza, que faça seus gols. Faremos os nossos, como outros times já provaram não ser tão difícil.

- A defesa deles é uma porcaria. Ótimo! Douglas, Jonas e Borges vão bailar.

- Farão retranca aqui? Hugo e Rocca de fora da área.

- Eles são os favoritos? Ótimo! É assim que a gente gosta!

Deveriamos estar confiantes, pois o cenário está exatamente como a gente gosta. Um time copeiro como o nosso contra um time de malandros, fanfarrões. Uma equipe que vem goleando, dando espetáculo, que mal sabe o que é perder. É o candidato ideal à surra que queremos dar. Daquelas que só a gente sabe.

Apagar estrelas é nosso principal ofício, e estamos aí é pra isso!

E quanto mais duvidarem da gente, melhor! Porque nós vamos pra cima, e vamos com tudo! Vamos bater, chutar e machucar. O nosso jogo é assim e todo mundo sabe.

E dá certo!

sábado, 13 de março de 2010

See you soon, London.

Há exatamente um ano atrás, embarcava para a maior experiência da minha vida. Entrava em um avião da TAM com destino a São Paulo, da onde, diretamente da sala de embarque da AlItália, fazia uma parada em Roma e em seguida dirigia-me ao meu destino final: Londres.

A cabeça era outra e a maturidade era bem menor, mas a vontade era a mesma. A mesma da primeira vez em que fui e a mesma com que estou agora.

Londres não tem fim, ninguém se cansa daquilo lá. É como diz aquele ditado popular inglês, em tantos souvenirs estampado:

He who is tired of London, is tired of life.

É verdade, é a pura verdade.

Óbvio que no final de minha estadia dizia aos familiares e amigos frases como "não tenho mais o que fazer aqui." e "já vi tudo, já fiz tudo". Naquele instante, era realmente verdade. Visitei as cidades que queria, comprei o que desejava e assisti aos shows que sonhava assistir.

- Por que toda essa saudade, então? Não ficastes satisfeito, não cumpristes todos os teus objetivos?

- Sim, fiquei satisfeito, fiz tudo o que queria e mais um pouco.

- Então por que tanta nostalgia? Te arrependestes de voltar?

- Não, nem por um segundo. Sei qual é a minha casa e o meu lugar.

- Então o quê? O que te faltou lá, o que deixastes de fazer?

- Nada, não faltou nada. Mas queria fazer tudo de novo.

Londres realmente me apaixonou. Cultura, música, vida noturna, possibilidades, idioma, roupas, arquitetura, paisagens, estilo, pessoas, culinária, cerveja... tudo o que gosto está lá. Não tenho dúvida de que é a cidade que mais combina com o meu jeito de ser.

Passei a amar tanto a capital inglesa que, se me dessem uma passagem para qualquer canto do globo, abriria mão de conhecer países novos, para voltar para lá. Quero, sim, conhecer o mundo, mas não conseguiria evitar, sei disso.

Certamente, se pudesse escolher um lugar para ter nascido, teria sido a terra da rainha. Mas com uma condição: de que todas as pessoas que estão ao meu redor, também estivessem lá. Caso contrário, nada feito.

Cada pessoa enxerga o paraíso de uma forma. Isso significaria, em outras palavras, que cada um tem o seu paraíso, certo? Pois bem, o meu eu já sei qual é.

E tenho certeza de que, sempre que possível, estarei lá. Em minha última semana no território inglês passei a despedir-me de todas as coisas pelas quais me apaixonei.

Dei tchau para o Big Ben e sorvi meu último pint de Guinness. Despedi-me de Camden Town e por horas admirei o Hyde Park. Saboreei meu último Kebab e tristemente caminhei por Oxford Street. Pela última vez carreguei meu Oyster Card e melancolicamente peguei o 98, para Willesden Green. Assisti minha última sessão no Empire e vagarosamente fiz o trajeto até Picadilly Circus.

Em cada um destes momentos, parecia que perdia um pedaço de mim. Pensava no quão perfeito tudo havia sido e em como seria difícil ver tudo aquilo de novo. No quão sortudo fui em ter morado no lugar onde sempre quis morar, no paraíso em que sempre quis conhecer.

Agora percebo que estava errado. Não perdi nenhum pedacinho de mim em Londres. Apenas os deixei lá, com a promessa de sempre voltar para buscá-los. E, quando o fizer, outros deixarei. E assim será, até o meu último dia. Por que o que tive lá, não terei em nenhum outro lugar. E não seria louco de me privar de tanto.


See you soon, London.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O charme do tempo

Que sou fã de rock não é nenhum segredo. Quem me conhece já me viu com alguma camiseta de banda, jaqueta jeans cheia de bottons ou até a tradicional de couro. Mais fácil ainda: já me viu de All Star. Não que quem use tal calçado deva ser taxado de "rockeiro". Eu, no entanto, uso justamente pra isso.

Meu pai também gosta de rock, mas o da época dele. Os clássicos: Pink Floyd, Beatles, Stones, Dylan, Who e por aí vai. Ele sempre implicou muito com as minhas bandas prediletas e escolha musical. Aliás, isso não é privilégio dele. Pelo contrário, é praticamente um clichê de quem presenciou os anos sessente e setenta.
Eu sempre batia de frente com ele e com qualquer outro "quarentão" que me apresentava aquele já conhecido argumento: essas bandinhas de agora não são de nada, vou te mostrar o que é rock.

Digo "batia", no passado mesmo. Um passado recente, que perdurou até semana passada.

Hoje em dia, como todo mundo sabe, é muito fácil baixar qualquer discografia pela internet. Baixei todas as minhas bandas prediletas e até aquelas que não gosto tanto. Tudo da minha época, anos 90 e século XI...

Aquele britrock que eu sempre citei por aqui. Oasis, Stereophonics, Travis, Embrace, Athlete, etc. Também tem aquele indie que eu gosto, mas não é meu gênero favorito. Arctic Monkeys, Franz Ferdinand, Strokes, Fratellis e outros. Não seria justo, também, descartar aquelas bandas que me fizeram entrar no rock, tais como Aerosmith, Offspring, Foo Fighters, Nirvana. Assim como não poderia ignorar o som mais pesado como Metallica, Dream Theater, Blind e sei lá mais o que.

É muita coisa! Sigo pensando que são todas boas, todas de alto nível. E sigo gostando de tudo, principalmente do primeiro grupo que citei, o da Terra da Rainha. Mas agora não posso negar, não posso voltar a discordar do meu pai e da turma da época dele.

O rock, como se fazia, já não se faz mais.

Talvez daqui uns 20, 30 anos, quando Noel Gallagher, Kelly Jones, Chris Martin e cia. estejam tapados de rugas, cabelos brancos e com aquela tradicional barriga de chopp (menos o Martin, porque ele é bichona), eu venha, novamente, a discordar do que já escrevi.

Por ora, humildemente, reconheço que, no rock, o que se faz agora é bom, mas não chega aos pés dos grandes mestres.

Bob Dylan, Eric Clapton, Tom Petty, Harrison/Lennon/McCartney, Kinks, Small Faces, Waters/Gilmour, Who, Deep Purple, Jim Morrison e muitos outros estão em um patamar muito, mas muito acima.

Demorei 22 anos pra reconhecer isso, mas finalmente cheguei até aqui.

Agora fica a dúvida sobre qual critério pesa mais nesse aspecto: a inegável qualidade em si, propriamente dita; ou o tempo, conhecidamente o melhor remédio para incontáveis situações pelas quais passamos.

Sinceramente, fico em cima do muro. No caso de gênios como os Beatles, Dylan, Doors e outros, acho que não há dúvida. Realmente não há o que comparar. Mas e se pegarmos os Smiths e os Stone Roses, por exemplo. Ambos são da metade dos 80s pra cima. Pelo menos pra mim, quando bandas como estas são citadas, automaticamente as coloco acima do que surgiu nos 90s. Mas, ao mesmo tempo, quando falam de Oasis, Phonics e Travis, estas sim desta última década, sequer considero compará-los com Libertines e Killers. E assim se segue...

E então? É só a qualidade que pesa ou o tempo também tem seu charme?

Fica a dúvida...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A despedida do meu ídolo


Quando a gente é criança tudo parece mais encantador. Vamos crescendo e, aos poucos, a verdade vai corroendo nossas ilusões e apagando nossos sonhos. Noel Gallagher, inclusive, fez uma música sobre isso. Fade Away o nome. No refrão, ele diz o seguinte:

- While we’re living the dreams we have as children fade away.

Perfeito. Mas não, desta vez não vou falar sobre música. Quero falar sobre uma válvula de escape que a vida me proporcionou neste final de semana. Um momento de pura nostalgia e de resgate de uma parte muito importante de mim que eu havia esquecido.

Refiro-me aquela vontade, aquela gana. Aquele incontrolável desejo. Querer algo tanto, mas tanto que passamos a realmente acreditar que vai se tornar realidade. Ficamos à mercê, apenas esperando o dia em que vai acontecer.

Mas não vai. E nem deveria.

Todo mandinho deseja ser jogador de futebol. Todo. Eu não fui diferente. Fazia parte do time do colégio, jogava botão (panelinha e puxador), pebolim, videogame, tinha incontáveis camisetas, 3 dentro x 3 fora, 3 x 1, gol a gol, “diblinha”, etc.

Pelo menos na minha geração, ser menino significava respirar futebol.

Sempre fui Gremista, por influência do meu pai. Ele bem que tentou me puxar pro lado do Pelotas também, mas acabou não vingando. Gostei mesmo do Grêmio. E como qualquer torcedor da minha geração, foi a melhor escolha que um garoto poderia fazer em termos de títulos.

Acompanhei Brasileiro, Copas do Brasil, Gauchões incontáveis.

Acompanhei o título da Libertadores e o vice do Mundial.

Óbvio que era novo. Sete anos, apenas. Não tenho memórias completas dos jogos. Apenas flashes, lances, gols. Mas estava lá, acompanhando. E torcendo como nunca torci. Porque é bem aquela história: quando somos jovens, nos apaixonamos mais fácil.

Vi Arce cruzando na área, Rivarola falhando e Adilson espancando. Roger cumprindo a sua, Goiano interceptando tudo que é passe e Arilson bebendo. Carlos Miguel correndo, Paulo Nunes esvoaçando seu cabelo loiro e Jardel cabeceando. Dinho cortando (os adversários).

Danrlei defendendo, falhando, torcendo e brigando.

Comemorando e chorando.

O Danrlei.

Hoje tenho outros ídolos. Escritores, músicos, cineastas, etc. Mas o Danrlei foi, com toda a certeza, o meu ídolo de infância.

Eu queria ser goleiro. Eu queria a camiseta de tijolo do Danrlei. Eu jogava a bolinha na parede só pra poder me jogar na cama e defender. Eu andava de meia de futebol, calção preto e camiseta de manga-longa.

Tudo pra ser igual ao Danrlei.

É ridículo. Uns vão dizer que é bichice, outros que é mongolice. Hipócritas. Aceitem ou não, toda criança tem seus ídolos.

A situação a qual me referi no início do texto foi justamente a despedida do Danrlei, que aconteceu no último final de semana, no estádio Olímpico.

Ver ele cantando com a torcida e chorando de emoção. Ver ele levar frango e ver ele voando pra pegar uma bola. Ver ele ser ovacionado ao ser substituído. Ver ele ter seu nome gritado.

Tudo isso me fez lembrar o quanto eu o idolatrava. O quanto eu o tinha como topo das minhas pretensões. Fez-me indagar, também, o momento em que perdi isso. Qual foi a hora em que esqueci que ele era meu ídolo?

Em que fração de segundo me esqueci o significado da palavra ídolo e passei a admirar jogadores que não são tudo isso. Pessoas que sei que não representam tanto.

Quando?

Tenho que agradecer. A despedida do meu ídolo serviu para eu resgatar esse sentimento. Serviu para que eu olhasse para o gramado, para o número em suas costas e pensasse:

- Cara, eu realmente costumava idolatrar esse cara.

E sigo...