segunda-feira, 1 de março de 2010

O charme do tempo

Que sou fã de rock não é nenhum segredo. Quem me conhece já me viu com alguma camiseta de banda, jaqueta jeans cheia de bottons ou até a tradicional de couro. Mais fácil ainda: já me viu de All Star. Não que quem use tal calçado deva ser taxado de "rockeiro". Eu, no entanto, uso justamente pra isso.

Meu pai também gosta de rock, mas o da época dele. Os clássicos: Pink Floyd, Beatles, Stones, Dylan, Who e por aí vai. Ele sempre implicou muito com as minhas bandas prediletas e escolha musical. Aliás, isso não é privilégio dele. Pelo contrário, é praticamente um clichê de quem presenciou os anos sessente e setenta.
Eu sempre batia de frente com ele e com qualquer outro "quarentão" que me apresentava aquele já conhecido argumento: essas bandinhas de agora não são de nada, vou te mostrar o que é rock.

Digo "batia", no passado mesmo. Um passado recente, que perdurou até semana passada.

Hoje em dia, como todo mundo sabe, é muito fácil baixar qualquer discografia pela internet. Baixei todas as minhas bandas prediletas e até aquelas que não gosto tanto. Tudo da minha época, anos 90 e século XI...

Aquele britrock que eu sempre citei por aqui. Oasis, Stereophonics, Travis, Embrace, Athlete, etc. Também tem aquele indie que eu gosto, mas não é meu gênero favorito. Arctic Monkeys, Franz Ferdinand, Strokes, Fratellis e outros. Não seria justo, também, descartar aquelas bandas que me fizeram entrar no rock, tais como Aerosmith, Offspring, Foo Fighters, Nirvana. Assim como não poderia ignorar o som mais pesado como Metallica, Dream Theater, Blind e sei lá mais o que.

É muita coisa! Sigo pensando que são todas boas, todas de alto nível. E sigo gostando de tudo, principalmente do primeiro grupo que citei, o da Terra da Rainha. Mas agora não posso negar, não posso voltar a discordar do meu pai e da turma da época dele.

O rock, como se fazia, já não se faz mais.

Talvez daqui uns 20, 30 anos, quando Noel Gallagher, Kelly Jones, Chris Martin e cia. estejam tapados de rugas, cabelos brancos e com aquela tradicional barriga de chopp (menos o Martin, porque ele é bichona), eu venha, novamente, a discordar do que já escrevi.

Por ora, humildemente, reconheço que, no rock, o que se faz agora é bom, mas não chega aos pés dos grandes mestres.

Bob Dylan, Eric Clapton, Tom Petty, Harrison/Lennon/McCartney, Kinks, Small Faces, Waters/Gilmour, Who, Deep Purple, Jim Morrison e muitos outros estão em um patamar muito, mas muito acima.

Demorei 22 anos pra reconhecer isso, mas finalmente cheguei até aqui.

Agora fica a dúvida sobre qual critério pesa mais nesse aspecto: a inegável qualidade em si, propriamente dita; ou o tempo, conhecidamente o melhor remédio para incontáveis situações pelas quais passamos.

Sinceramente, fico em cima do muro. No caso de gênios como os Beatles, Dylan, Doors e outros, acho que não há dúvida. Realmente não há o que comparar. Mas e se pegarmos os Smiths e os Stone Roses, por exemplo. Ambos são da metade dos 80s pra cima. Pelo menos pra mim, quando bandas como estas são citadas, automaticamente as coloco acima do que surgiu nos 90s. Mas, ao mesmo tempo, quando falam de Oasis, Phonics e Travis, estas sim desta última década, sequer considero compará-los com Libertines e Killers. E assim se segue...

E então? É só a qualidade que pesa ou o tempo também tem seu charme?

Fica a dúvida...

5 comentários:

  1. As bandas extintas são muito boas porque não têm mais a oportunidade de fazer cagadas.

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  2. Hmm, pode ser. Mas tem vários destes que não estão extintos, como Bob Dylan, Eric Clapton, Stones..

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  3. tenho a certeza que o problema é outro pessoal. Nós como amantes de música, acabamos escutando tanto, que fica muito difícil alguma coisa nova nos deixar de boca aberta. Hoje é muito raro algo me impressionar. Além disso a musica marca momentos especiais, quanto mais velhos ou experientes ficamos, acabamos não nos impressionando tanto com algumas coisas (ex. aquela ficada e o som que rolava etc.).

    Na real eu particularmente tenho passado por um grande problema, pois as vezes quero comprar um dvd pra curtir em casa, mas não acho nada, pois já tenho tudo que gosto, e o que existe de novo não me interessa.............Resumindo pois falei demais, a nossa sede de coisas boas e novas é muito maior do que a produção de coisas legais................mas pra quem não for afim de errar, dos antigos aconselho beatles e queen, e dos novos o tomás já sabe bem......abração e segue aos passos hehehehe !!!!!

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  4. Ae cara! Resolvi dar uma olhada no teu blog e gostei muito da forma como tu escreves teus textos. Nem cheguei a avaliar a opinião, pois o que me encanta ao ler é a qualidade da escrita. Infelizmente eu sempre tive uma excelente oratória, mas não consigo recriá-la quando escrevo. São muitos pontos e muitas vírgulas para escolher. Hoje se eu voltasse a estudar iria sugar ao máximo o professor de português, para tentar escrever textos com clareza e facilidade de leitura. Parabéns, Tomás!

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  5. Se uma música sobrevive ao tempo, passando de geração em geração, é porque possui qualidades muito especiais. É o tempo que consagra os artistas e forma os mitos. Por isso, acredito que ele tem seu charme e influencia constantemente na história do rock.
    Quanto a questão do som realizado antigamente, não tem como comparar ao que é produzido hoje porque o contexto social é outro. Atualmente existe uma forte tendência - quase regra - em se fazer trabalhos comerciais para vender muitas cópias. Com essa lei de mercado, é dificil de o experimentalismo (e tudo aquilo que foge do mainstream) ganhar espaço.
    Gostei do tema e da discussão.
    Vi que andas escutando no last.fm bem mais os mestres do rock do que as bandas atuais. pode cre, tomas. abraço

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